Os uruguaios têm uma maneira própria de torcer. Como no Centenário, eles chegaram e demonstraram seu jetio de cantar a Celeste como uma ”avalanche”. Só que, desta vez, o palco passou longe de ser a arquibancada do estádio, mas hall adentro do Marina Park, em Fortaleza, onde a seleção uruguaia ficará hospedada até o dia seguinte do jogo com a Costa Rica, no próximo sábado, às 16 horas.

De maneira discreta, os primeiros torcedores foram chegando. Em pouco tempo, a frente do hotel estava tomada de batuques, hinos ao Uruguai e gritos. No intervalo entre uma música e outra, uma olhadela na vitória do Brasil em cima do Croácia.

Mas em meio a isso, os já 100 fanáticos pelo Uruguai receberam a notícia, pelos batedores da Polícia Rodoviária Federal que o ônibus estava chegando. Mas os jogadores que desceriam pela frente do hotel mudaram a rota e entraram pela parte de trás. Sem ter como ver os ídolos, a torcida forçou a entrada pela porta da frente. Enfim, valia tudo para ver a seleção. E os poucos seguranças não seguraram a tal avalanche. Foram todos para dentro.

Ao som de “Soy Celeste”, eles batucavam, cantavam e tomavam as dependências do Marina Park como se fosse uma área de convivência de estádio. E, no meio disso tudo, um deles subiu nas costas do outro e arriscou murros no teto. De gesso, ele não cedeu e formou um buraco. O torcedor, saído do transe, limpou a mão e desceu rapidamente. Para continuar cantando embaixo.

 
 

– Isso tudo é muito louco. Mas nós somos Uruguai e não vamos recuar jamais – disse Frank Dominguez, comerciante que deixou Montevideu por um mês para vibrar com a sua seleção.

Os funcionários do hotel, a princípio, ficaram preocupados. Mesmo sem ver jogador nenhum, ninguém ali queria sair. A batucada precisou ser interrompida pela Polícia Militar e pelo Exército, que escoltaram a Celeste Olímpica.

E, da mesma forma, eles escoltaram os apaixonados torcedores para fora. Eles foram para a rua e continuaram cantando, por mais longe que fosse a caminhada até o local de hospedagem. E o clima voltou a ficar calmo pelas bandas do hotel do Uruguai, que já devia estar descansando àquela hora.

Exército escolta torcida uruguaia (Foto: Roberto Leite)Torcedores foram obrigados a deixar hotel pelo exército, que os escoltou até a saída (Foto: Roberto Leite)