A mamografia 3 D, ou tomosssíntese, se mostrou capaz de aumentar em até 12% a detecção precoce do câncer de mama, doença responsável por quase um terço de todas as neoplasias que afetam as paulistanas. O resultado foi apresentado na edição 2011 do Congresso Europeu de Radiologia pelo Centro de Diagnóstico Brasil (CDB) Premium – o primeiro a adquirir a tecnologia na capital. Há um outro aparelho desse tipo também no Hospital Sírio Libanês.
O principal benefício da técnica é produzir imagens mais precisas dos contornos de um tumor, uma pista importante na hora de investigar suspeitas de câncer: bordas irregulares costumam sugerir malignidade. Quando a lesão é muito pequena, contudo, essa tarefa é mais difícil. “Com a tomossíntese há melhor definição das bordas das lesões, possibilitando obter melhor detecção de lesões muito sutis”, diz o radiologista Aron Belfer, especialista no diagnóstico de câncer de mama e coordenador dos estudos realizados no CDB. A unidade trabalha com a técnica desde o ano passado e o estudo é um balanço dos resultados obtidos até o momento.
A Secretaria de Estado da Saúde, por meio de sua assessoria, informou à reportagem que não há previsão de incorporação da técnica ao Sistema Único de Saúde (SUS). O custo é um fator impeditivo: o equipamento 3D custa quase o dobro do valor de um mamógrafo digital. “Mas também existe uma economia, já que essa técnica faz com que sejam produzidas menos imagens”, ressalta Belfer. Com a mamografia 3D, a redução no total de imagens feitas das mamas, em relação ao procedimento tradicional, é de até 40%, afirma o médico.
Na técnica comum, explica Belfer, são fornecidas imagens bidimensionais de uma estrutura que é tridimensional. “Então, pode ocorrer uma superposição de estruturas em planos diferentes da mama, escondendo lesões bem pequenas. Cada imagem da tomossíntese representa um plano de 1 mm da mama, eliminando essa superposição dos tecidos.”
A detecção precoce do tumor é fundamental para pacientes com câncer de mama. Quando isso ocorre, a chance de cura passa de 90%, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A instituição estima, para o próximo ano, 5.760 novos casos de câncer de mama na capital, o tipo de neoplasia mais incidente nas mulheres da cidade e também na população feminina do País.
Detecção precoce livrou paciente da quimioterapia
Foi graças à definição aprimorada da mamografia 3 D que a aposentada Maria de Lourdes Pereira, de 64 anos, conseguiu descobrir um tumor de apenas 5 milímetros. De acordo com seus médicos, dificilmente seriam identificados numa mamografia normal. “Em 2008 os exames de rotina apontaram células que deixaram meu ginecologista desconfiado.
Neste tempo vim acompanhando com especialistas e resolvi, por orientação deles, fazer uma mamografia 3D no ano passado” conta. A suspeita tinha fundamento: a lesão, apesar de mínima, era maligna. Mas, com a detecção precoce do tumor, a aposentada ficou livre de problemas decorrentes de estágios avançados da doença, que costumam levar à cirurgia de retirada da mama ou de suas partes, além de radioterapia e quimioterapia. “Só precisei fazer a retirada do nódulo e mais nada”, comemora Maria de Lourdes.