Após o caso de leishmaniose em Dracena, que vitimou uma senhora de 60 anos, esta semana, a equipe de reportagem do Jornal Regional visitou o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Dracena.
Visivelmente em condições inadequadas de trabalho e conservação de equipamentos, o CCZ passa por reforma desde o dia 10 de janeiro.
Segundo Caio Rampim, médico veterinário responsável pelo CCZ, o principal motivo da reforma é para melhorar as condições de trabalho. “Precisávamos de uma condição digna de trabalho. Estamos rebocando a parte interna, que antigamente juntava muita poeira na alvenaria, melhorando a sala de reuniões, reformas que eram necessárias”, disse o veterinário.
Conforme ele, as baias onde ficam alojados os animais recolhidos pelo CCZ também serão trocadas. Além disso, o laboratório está sendo readequado a pedido do Instituto Adolfo Lutz, que é o órgão que vistoria os laboratórios públicos.
“O laboratório está parado desde o início da reforma, os animais que estão aqui no CCZ aguardam para serem feitas coletas para exames. A expectativa é que segunda-feira, 10, as atividades laboratoriais sejam retomadas”, completou.
Sobre o caso de leishmaniose, que nesta semana vitimou uma moradora do Jardim Jussara, Rampim afirmou que as providências já estão sendo tomadas. “Iremos fazer o bloqueio de nove quadras no bairro onde teve o foco da doença. Esse bloqueio funciona da seguinte maneira: a gente conta oito quadras no entorno da quadra onde a senhora residia. O mosquito palha, que transmite a doença não voa por mais de 150 metros. Iremos coletar sangue dos cachorros de todas essas residências e examiná-los para descobrirmos de onde surgiu a transmissão”, finalizou.
Idelino Soares Sena, diretor de vigilância e saúde, afirmou que Dracena é uma cidade epidêmica de leishmaniose e explicou. “Assim como algumas outras cidades da região, Dracena também tem esse problema. Diferentemente da dengue, que é um problema agudo, a leishmaniose não é. Considero uma doença negligenciada por todos. Não existem formas de tratamento 100% eficazes para os animais. A única coisa indicada pelo Ministério da Saúde é a eutanásia nos cães. Uma vez instalada na cidade, ela nunca mais sai”, disse o diretor.
Sobre o caso desta semana, Sena afirmou que foram notificados na última sexta-feira, 31. “Soubemos na sexta-feira do caso. Na segunda-feira já estávamos entrando com a medicação adequada. A vítima já vinha de um quadro de problemas renais, fazia hemodiálise e tinha a imunidade muito baixa. Quando existe esse quadro, somado a leishmaniose, é muito difícil à reversão”, finalizou.
Números de casos em Dracena
De acordo com o CCZ, em 2019 foram realizadas 1.583 coletas de sangue em cães e encaminhadas para análise. Dessas 1.583 amostras, 622 atestaram positivo para leishmaniose. Houve 553 cães eutanasiados. Além disso, houve 69 casos positivos em que os donos optaram por um tratamento particular ou realizaram exames de contraprova.
Até ontem, 7, Dracena não confirmou nenhum caso da doença em animais neste ano. A justificativa dada para a reportagem é de que o laboratório está em reforma e não foi possível analisar as coletas realizadas.
Segundo Rampim, os donos de cães que não autorizaram a eutanásia são responsáveis caso o animal seja foco de transmissão da doença. “Existem tratamentos particulares para prevenir a transmissão. Mas temos que deixar claro que o animal não tem noção que ele é um transmissor. Consequentemente o dono é responsabilizado se esse animal for um foco de transmissão”.