A Polícia Militar de São Paulo informou esta semana que os policiais de sua corporação não poderão mais usar a técnica chamada de mata-leão durante as abordagens policiais. O mata-leão ou chave cervical é um tipo de técnica de imobilização em que uma pessoa faz uso de suas mãos, braços ou pernas contra o pescoço de uma outra pessoa, aplicando uma pressão que pode provocar o estrangulamento, a asfixia e até levar à morte.
A corporação informou que essa medida foi tomada por um grupo de estudos, criado para analisar “as mais modernas e eficientes técnicas de contenção durante as detenções de suspeitos” e que essa medida busca “aprimorar ainda mais a prestação de serviço à sociedade e modernizar os protocolos de atuação”.
Esse golpe foi utilizado em várias abordagens policiais recentes em São Paulo e que foram motivo de questionamentos após a divulgação de vídeos que tiveram grande repercussão nas redes sociais. Um deles ocorreu em maio, na região de Parelheiros, quando uma mulher negra sofreu um mata-leão aplicado por um policial. No dia 24 de julho circulou um novo vídeo mostrando policiais aplicando o golpe e sufocando um jovem negro da cidade de João Ramalho, no interior paulista.
No primeiro semestre deste ano, 514 pessoas foram mortas pelas polícias Civil e Militar do estado de São Paulo em ocorrências durante o momento do trabalho ou de folga. Foi o maior número de mortes registrado desde 2001, quando teve início a série histórica. Só a PM foi responsável por 498 dessas mortes. Nesse mesmo período, 28 policiais civis e militares foram mortos em serviço ou em folga.
Para tentar coibir a violência policial, o governador de São Paulo, João Doria, adquiriu câmeras portáteis, as chamadas bodycams, que serão utilizadas por policiais militares durante seu patrulhamento na rua. As câmeras de lapela são fixadas nos uniformes dos policiais para que suas ações nas ruas de São Paulo sejam monitoradas, sem possibilidade de adulteração. Além disso, Doria anunciou que toda a corporação, começando pelos policiais de altas patentes, passariam por um programa de novo treinamento, chamado Retreinar.
(Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil)