Neste momento em que o mundo enfrenta a pandemia da covid-19, a preocupação com a limpeza da residência para evitar a proliferação do vírus se intensificou. Os produtos utilizados são diversos, mas é preciso estar atento quando se tem um animal de estimação em casa.
No país, há pelo menos 141,6 milhões de animais de estimação nos lares. Desses, segundo o Instituto Pet Brasil, 55,1 milhões são cachorros e 24,7 milhões, gatos.
Há ainda as aves (40 milhões), peixes (19,4 milhões) e os répteis e pequenos mamíferos (2,4 milhões). Por isso, é necessário tomar cuidado, já que produtos tóxicos aos animais podem até causar a morte.
Segundo o médico veterinário e presidente da Comissão de Clínicos de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), Márcio Mota, os produtos mais indicados para a limpeza geral da casa e a desinfecção são o hipoclorito de sódio diluído (na medida de uma parte para dez), detergente neutro ou uma solução de amônia quaternária, que pode ser encontrada em pet shops.
A terceira opção já é testada, sendo muito usada em clínicas, hospitais e consultórios veterinários, justamente por promover a limpeza sem oferecer riscos aos bichos.
“Todos esses produtos são efetivos contra o novo coronavírus. Com eles não se agride as patinhas, nem a pele. Temos que lembrar que os bichinhos deitam no chão e às vezes têm alguns problemas de pele por conta de produtos de limpeza. É preciso evitar os desinfetantes de modo geral e produtos muito fortes. E sempre lembrar de armazenar em um local onde o animal não alcance, porque o cheiro pode atrair os animais que podem até ingerir o líquido, resultando em intoxicação, gastrite ou uma lesão gastrointestinal severa, até com queimaduras”, explicou.
O tutor deve ainda ficar atento aos sinais de uma possível ingestão de algum produto. Segundo o médico veterinário, quando ocorre a ingestão, normalmente o pet começa a salivar bastante, alguns vomitam ou tem diarréia (ambos com sangue), o que sinaliza intoxicação.
Na pele podem ocorrer alergias, com uma coceira muito forte e áreas avermelhadas, além do incômodo, que o animalzinho demonstra lambendo ou ficando muito inquieto.
As manchas podem ser observadas principalmente na região da barriga, do ânus e patinhas, que incham. “Aí é sinal de que tem alguma coisa errada e precisa procurar um médico veterinário para examinar e medicar”, ensina.
Passeio na rua
Uma das preocupações dos tutores é com os passeios na rua, já que, apesar de não pegarem nem transmitirem o novo coronavírus para o ser humano, os animais podem carregar o vírus nas patas e nos pelos e levá-lo para dentro de casa. Por isso, Mota ressaltou que é preciso fazer a higiene do cachorro todas as vezes em que ele for levado à rua.
Nesse caso é importante nunca usar o álcool gel, nem o álcool 70º no animal, porque ambos podem causar queimadura nos coxins, parte inferior da pata, e que ficam em contato com o chão (conhecidos popularmente como almofadinhas).
“O que temos recomendado é a solução de hipoclorito de sódio a 0,1%, que pode ser manipulada em um spray para borrifar e limpar depois com um lencinho. Pode-se ainda pedir para manipular a solução de hipoclorito em um lencinho umedecido e aí passa no pelo, pata e na parte traseira onde ele senta. Pode-se ainda usar a clorexedina ou o detergente neutro. Se for lavado, sempre enxaguar e secar muito bem para não deixar resíduo do produto”, afirmou.
Para os banhos, Mota indicou que os tutores procurem fazer em casa, mas, se não for possível, sempre levar em locais de confiança, que estão seguindo à risca todas as regras de biosegurança preconizadas pelo CRMV, Ministério da Saúde e órgãos responsáveis.
“Atentar para que o profissional que está dando o banho esteja de luva e máscara. Para quem vai usar o táxi dog, verificar a higienização das gaiolinhas. Mesmo assim, vale a pena limpar as patinhas na volta do banho e tosa”, disse o médico veterinário.
Gatos
Mota lembrou ainda que os gatos que saem para a rua também precisam ser higienizados quando voltam para casa.
Segundo ele, o ideal seria não deixar os felinos saírem sozinhos para passear, mas se não houver alternativa, é preciso higienizá-los da mesma maneira que é feita com os cães.
“É um pouco mais difícil porque às vezes o gato é mais arredio. O melhor é mesmo não deixar sair nesse e em nenhum período, porque, a partir do momento em que domesticamos o animal e ele é da nossa casa, ele não deve ficar perambulando por aí para não pegar nenhuma doença de gato ou não trazer o coronavírus”.
(Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil)