Já pensou em fazer vestibular de Medicina aos 62 anos e ainda ser aprovado na prova? Pois é, isso aconteceu no último processo seletivo de Medicina da Unifadra. Mineo Hirai foi aprovado na vigésima colocação.
Acostumado com provas, ele se diz uma pessoa que curte prestar vestibulares. “Faço o ENEM desde 2011, há sete edições presto os exames e sempre sou aprovado, mas nunca cursei, pois estava indisponível trabalhando em hidrelétricas diversas. Acho divertido fazer vestibular”, disse Hirai.
Pela primeira vez tentando cursar Medicina, Hirai é da primeira turma de Desenho Mecânico do antigo CID em 1975. Após o curso técnico na cidade, ele se formou engenheiro mecânico pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá, áreas distintas da saúde.
Hirai diz que a inspiração para prestar o vestibular em Medicina veio de uma lembrança de sua avó. “Parei de trabalhar nas usinas hidroelétricas no início de 2018 e para ocupar a cabeça voltei a estudar. Neste semestre estou encerrando o mestrado de engenharia hídrica na Universidade Federal de Itajubá e aí fiquei pensando o que fazer depois. Foi quando me lembrei de minha avó, Harue Hirai, que era enfermeira padrão da Cruz Vermelha e que emigrou do Japão na década de 1920. Ela dizia que o sonho dela era que algum neto fosse médico, pois nenhum de seus nove filhos seguiram a área biomédica. E assim decidi tentar, pelo menos uma vez na vida”, disse o engenheiro.
Porém, Hirai é pragmático e consciente sobre seu futuro. “Se de fato estudar com afinco a Medicina, estarei apto a exercer a profissão de médico com uns 70 anos. E aí com essa idade não teria condições de atender satisfatoriamente ao juramento de Hipócrates, dedicando-me de corpo e alma em exaustivos plantões a que valorosos médicos são submetidos”, explicou.
Sobre cursar ou não o curso de Medicina, Hirai já tomou a decisão: não irá ocupar uma cadeira nas salas de aula da universidade dracenense. “Até gostaria de cursar como um desejo pessoal, mas não vou cursar. Não irei ocupar a vaga de um jovem que tem sonho, potencial e toda uma vida de realizações pela frente. Fiz esse vestibular para ver se ainda o “Tico & Teco” se conversam dentro da minha cachola”, disse ele bem humorado.