Uma comissão parlamentar do Congresso dos Estados Unidos liberou nesta segunda-feira (9) o rascunho do testemunho que Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook, fará na quarta-feira (11) sobre o escândalo de dados dos usuários, que tiveram suas informações exploradas sem consentimento pela Cambridge Analytica para influenciar a corrida eleitoral de Donald Trump rumo à presidência norte-americana e a campanha do Brexit.

O executivo admitirá que a rede social não tem contido abusos perpetrados por meio de sua plataforma.

 

“Está claro que não fizemos o suficiente para evitar que essas ferramentas sejam usadas também para causar danos. Isso vale para notícias falsas, interferência estrangeira em eleições e discursos de ódio, bem como desenvolvedores e privacidade de dados.”

 

E acrescenta:

 

“Não tivemos uma visão ampla da nossa responsabilidade, e isso foi um grande erro. Foi meu erro e sinto muito.”

 

 

Dados e eleições

 

O documento foi divulgado pela Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados dos EUA. Depois de ler o testemunho, Zuckerberg responderá perguntas dos parlamentares.

O executivo também foi convidado a comparecer diante de uma audiência conjunta dos Comitês de Justiça e Comércio do Senado dos EUA nesta terça-feira (10).

Durante a sessão da Câmara na quarta, o CEO da companhia fará um balanço da polêmica. A Cambridge Analytica usou um dispositivo do próprio Facebook – já tirado do ar – para explorar os dados de 87 milhões de usuários da rede social.

Uma aplicação pediu autorização não só para coletar dados de quem o utilizasse, mas também dos amigos deles. Isso era permitido em 2014, época do incidente. Só que, em vez de apagar as informações após uso interno, o serviço compartilhou os dados com a Cambridge Analytica, que construiu algoritmos capazes de traçar o comportamento eleitoral de norte-americanos durante a campanha presidencial de 2016.

Zuckerberg balanceará seu discurso elencando as oportunidades em que o Facebook atendeu a pedidos de autoridades para abrir informações sobre influências externas em eleições nacionais, caso dos anúncios russos durante a campanha nos EUA, ou para impedir que interferências ocorressem, como nos pleitos de França e Alemanha, em 2017.

 

  • derrubou 270 páginas e contas que eram operadas pela Agência de Pesquisa na Internet (IRA, na sigla em inglês), uma agência russa, para direcionar informações falsas a pessoas de países vizinhos, como Azerbaijão, Uzbequistão e Ucrânia;
  • apagou 30 mil contas falsas para garantir a integridades das eleições na França;
  • encerrou milhares de contas “ligadas a distribuidores de notícias falsas, organizados e financeiramente motivados”.
  • elevou o número de pessoas trabalhando em segurança para 15 mil e que ampliará a equipe para 20 mil até o fim do ano.

 

O CEO da Facebook vai ainda relativizar os esforços da empresa em conectar mais e mais usuários.

 

“Não basta apenas conectar pessoas, temos que garantir que essas conexões sejam positivas. Não basta só dar voz às pessoas, precisamos garantir que as pessoas não as usem para prejudicar as outras ou divulgar informações erradas. Não é o suficiente dar às pessoas o controle de suas informações. Temos que garantir que os desenvolvedores estão protegendo essas informações também.”