O chargista e artista gráfico Joaquín Salvador Lavado, conhecido como Quino, morreu nesta quarta-feira (30), aos 88, em Mendoza, sua cidade-natal.
Ele era o pai de uma das personagens mais famosas do mundo dos quadrinhos, a inconformada Mafalda, uma menina de classe média argentina nascida em setembro de 1964, fã dos Beatles, de panquecas e que odeia sopa. A personagem completou 56 anos nesta terça, dia 29 de setembro.
Mafalda também tem um agudo senso crítico para as injustiças sociais e para questões relacionadas à existência humana. Nunca assumiu posições políticas explícitas, mas claramente era identificada com os movimentos progressistas.
Embora tenha existido por meio de tirinhas publicadas em jornais só entre 1964 e 1973, Mafalda permaneceu viva no imaginário argentino, povoando memes, cartazes políticos, feministas e progressistas em geral.
Filho de imigrantes espanhóis, Quino se mudou para Buenos Aires, aos 18 anos, para estudar desenho. Começou a publicar charges e quadrinhos em jornais em 1954.
Em 1963, lançou seu primeiro livro de humor, “Mundo Quino”, e, no ano seguinte, publicou na revista Primera Plana a primeira história de Mafalda e sua turma, que logo se transformaram em símbolos da efervescente cultura da década de 1960 na Argentina -se tornando famosa também nos demais países da América Latina.
Em 1965, Mafalda começou a ser publicada no jornal argentino El Mundo, um dos principais dessa época. A garotinha de cabelos negros enrolados andava sempre acompanhada de um grupo de amigos, alguns baseados em personagens da vida real do cartunista Quino.
Nos últimos anos, a personagem Mafalda acabou sendo muito usada pelo movimento feminista na Argentina, com o aval de Quino. Mafalda tem aparecido vestida de verde ou usando lenços verdes, na campanha pró-aborto que ocorre no país nos últimos cinco anos. Em 2018, uma edição só com suas reivindicações para a mulher foi editada em “Mafalda: Femenino Singular”, publicado pelo selo Ediciones de la Flor -um total sucesso entre adolescentes argentinas contemporâneas.
O fim de Mafalda nunca foi bem explicado. Na época, Quino afirmou que tinha medo de começar a se repetir, porém, em entrevistas mais recentes, deixou subentendido que passara a temer ser alvo de represálias de caráter político.
(Com informações/Sylvia Colombo – Folhapress)