O gás de cozinha, produto essencial na vida de praticamente todos os brasileiros, vem sofrendo constantes reajustes desde maio, praticamente o primeiro mês afetado pela pandemia do novo coronavírus.

De acordo com o SERGAP (Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás Liquefeito de Petróleo), desde maio foram oito reajustes. Segundo o sindicato, se levar em conta o valor inicial da revenda seja R$ 70,00, hoje o gás de cozinha deveria ser vendido por R$ 103,71, um aumento de 48,16%.

Os reajustes são de 5% e aconteceram todo mês, desde maio.

Vitor Reinalde, proprietário de uma revendedora de gás de cozinha em Dracena, prevê ainda mais três aumentos até o fim do ano. “Com todos esses reajustes, se eu vender o gás de cozinha hoje por R$ 70,00 eu quebro e não tenho o que comer amanhã cedo”, disse o empresário.

Em maio, o PROCON SP tentou tabelar o preço do botijão de gás de 13 quilos no Estado em R$ 70,00, para Reinalde, isso é impossível. “É complicado fixar o preço do produto. Na capital isso causou muito problema. Não fecha a conta se colocar o preço do frete embutido, não da para fazer esse preço. Como vou vender o botijão por R$ 70,00 se ele chega para mim com o custo de R$ 68,00. Como esses locais oferecem outros produtos além do gás, eles jogam a margem de lucro lá em baixo e não temos como concorrer”, explicou Reinalde.

Em seu estabelecimento Reinalde comercializa o botijão de gás por R$ 78,00. “Era para estar sendo vendido por pelo menos R$ 85,00 acompanhando os reajustes. A gente que trabalha exclusivamente com gás de cozinha vai quebrando cada vez mais. Não conseguimos repassar o preço oferecido em supermercados, mercearias. Além disso, existem revendas clandestinas na cidade, locais que não contam com todas as regulamentações previstas para este tipo de revenda”, afirmou Reinalde.

Para ele, não existe expectativa de melhoria nos preços. Reainalde diz que o auxílio emergencial pode ser o motivo de tamanho crescimento no preço. “Estou há 15 anos no ramo nunca vi o gás abaixar. O governo está dando esse aumento para poder voltar o dinheiro que vem injetando na economia com o auxílio emergencial. Não existe explicação para esses aumentos. Não vejo nenhuma saída para isso melhorar. Óbvio que quando acabar o auxílio, o governo não vai abaixar o preço do botijão.”, concluiu Reinalde.