Impulsionados por palavras de ordem pedindo a liberação da obra entre os municípios de Paulicéia e Brasilândia (MS), manifestantes ocuparam a ponte carregando faixas e cartazes expressando a dura realidade daqueles que, por falta de opção, são obrigados a desembolsar diariamente dinheiro cobrado na travessia a balsa. “Pagamos pelos nossos direitos”, “Balsa não, ponte sim”, frases de indignação como essas foram expressadas. De acordo com as Polícias dos estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo participaram da manifestação pelo menos mil pessoas.
Coincidência ou não, os líderes do movimento na região da Alta Paulista tiveram uma surpresa ao chegarem a ponte. Depararam-se com caminhões e maquinários trabalhando na terraplanagem do trecho onde será construído o asfalto ligando a cabeceira da ponte.
Sobre o início da obra de pavimentação no lado de Paulicéia, o presidente da Amnap, o prefeito Osmar Pinatto, declarou que foi informado de forma “oficiosa” e não “oficial” por funcionários da Cesp, no local, de que haviam iniciado o serviço no dia anterior. “O que não queremos é aguardar o início e a conclusão dessa pavimentação asfáltica. Que libere realmente a ponte antes que isso ocorra; nada impede que se faça a parte burocrática e inicie a pavimentação asfáltica. Que esta ponte, seja utilizada da mesma forma que se utiliza a balsa atualmente”, disse Pinatto.
Segundo ele, restam mais 11 dias para terminar o lado da cabeceira de Paulicéia, e o lado da cabeceira de Brasilândia. Em 11 dias ele acredita na conclusão das duas cabeceiras e, a partir daí, estará liberado o uso da ponte.
Caso isto não ocorra dentro do prazo estabelecido, os prefeitos se mostraram favoráveis a uma nova manifestação contra a travessia dos veículos na balsa. Paralisação não ocorrida durante a manifestação no domingo por acreditarem numa alternativa próxima.
Representando Brasilândia, o prefeito Antônio de Pádua Thiago, disse estar reivindicando o direito de ir e vir com liberdade sobre uma obra pronta. No final do discurso, pediu celeridade do Governo Federal nos trâmites burocráticos para usufruir a infra-estrutura construída o quanto antes.
Relembrando a reunião com o superintendente do DNIT, o prefeito de Paulicéia, Ronney Ferreira, comentou que o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte havia lhe informado que nos dias 16 e 20 de agosto foram abertas as licitações para construção dos acessos de ambos os lados, informou.
Como todo progresso traz uma demanda de problemas, o Instituto Cisalpina, de Brasilândia, junto com outras organizações ambientais presentes a manifestação, demonstraram preocupação quanto aos animais nativos da reserva. Local por onde atravessa a rodovia Luigi Cantone (MS-040), para isso exigem garantias ambientais.
“Se não forem tomadas precauções no sentido de construir redutores de velocidade e túneis subterrâneos para que os animais transitem de uma área a outra, colocaremos ainda mais os animais em risco. Isso tudo vai influenciar no empenho junto ao Ibama para que no momento da liberação da ponte também seja garantida essa segurança aos animais”, afirma Carlos Alberto Dutra, presidente do Instituto Cisalpina.
A Reserva Cisalpina, formada por uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), de 6.261 hectares integra área de preservação ambiental total de 22.886 hectares pertencentes à Cesp, no município de Brasilândia.
BALSA – A tabela de preços da balsa praticam os seguintes valores:
carro, R$ 24; caminhão R$ 28, R$ 41, R$ 48 (o valor varia por modelo do veículo); pedestre R$ 2 e moto R$ 10.
SUSTO – Ao final da manifestação, os policiais tiveram trabalho para retirar do rio, Osvaldo Teodoro de Almeida, de 33 anos, residente em Paulicéia, que subiu pelos cabos de sustentação da ponte e saltou de uma altura de 15 metros. Visivelmente embriagado, e com lesões na altura das costas causadas pela queda na água, ele queixava-se de dores no corpo. Socorrido no Centro de Saúde local, passava bem e não corria o risco de morrer.