“Tenho me expressado pouco e trabalhado muito”, desabafou José Milanez Júnior (Ting), prefeito de Panorama, na abertura da audiência convocada segunda-feira, na Câmara Municipal, para discutir com a população alternativas que retire do “abismo financeiro” a Santa Casa da cidade, que desde de 2005 está sob a intervenção da Prefeitura. Segundo o prefeito, na época, foi a única maneira encontrada pela administração municipal para não ver “fechar as portas”. Em 1992, a Santa Casa perdeu o caráter de filantropia.
Com um histórico contábil nada agradável, o prefeito se mostrou preocupado com os R$ 10 milhões em dívidas herdadas de gestões passadas e assumidas pelo seu governo. Com arrecadação mensal de R$ 23 mil, especialistas da área disseram ser baixa a arrecadação para se fazer uma manutenção a contento com a infra-estrutura local. Para cumprir uma manutenção desejável, a arrecadação deveria chegar a R$ 100 mil, por mês. Diferença de R$ 77 mil. Valor distante do pretendido.
De acordo com o chefe do Executivo, por mês são repassados mais de R$ 60 mil. “Mesmo assim, remonta-se despesas que não conseguimos saldar como energia, cestas básicas dos funcionários, encargos previdenciários e trabalhistas”, afirma.
Como meta principal frente aos problemas, a Prefeitura lançou um desafio para que os seguimentos da comunidade indicassem nomes para compor uma diretoria com condições de administrar o hospital, tirando então a Prefeitura da condição de interventor. Formada a diretoria, consequentemente serão abertos caminhos para assinaturas dos convênios governamentais. Como exemplo, o programa “Pró – Santa Casa”, do Governo do Estado.
Conforme informou a diretora de Saúde do município, Roselene Nunes Franco, apenas a cidade de Panorama mantém a Santa Casa sob intervenção entre as 12 Santas Casas, na jurisdição da Diretoria Regional de Saúde, de Presidente Prudente. Todas as outras são administradas pela comunidade, disse a diretora.
Representantes da Incoesp (Cooperativa das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista), disseram ter firmado recentemente acordo beneficiando a Santa Casa com R$ 0,30, por metro cúbico de argila extraído. Segundo os cálculos da entidade, este repasse alcançaria R$ 25 mil (mês).
“Acredito que num momento desses de dificuldades, e, com a oportunidade de estar buscando recursos, [referindo-se a formação da diretoria] nós cidadãos panoramenses, devemos dar as mãos e lutar, porque juntos poderemos vencer”, mostrou-se otimista o prefeito.
A audiência terminou após consenso dos participantes na proposta de haver um próximo encontro, onde sairá definido os nomes indicados pelos seguimentos da comunidade que passarão então a ocupar a diretoria do hospital.