Tecnologias aumentam eficiência do uso de nutrientes no campo
Alberto C. de Campos Bernardi – Pesquisador
Embrapa Pecuária Sudeste
O Brasil utiliza atualmente 8% de todo fertilizante produzido no mundo. O país está na quarta posição entre os maiores consumidores, atrás apenas da China, Índia e Estados Unidos. No entanto, tem um grande problema, a produção nacional desse insumo é muito pequena. Para suprir a demanda da agricultura, importa-se mais de 85% das fontes de nutrientes. Além disso, a eficiência do uso de fertilizantes, muitas vezes, é baixa. Em média, aproveita-se em torno de 40 a 50% do nitrogênio (N), 20 a 30% do Fósforo (P) e 70% do Potássio (K). E esses insumos podem representar mais de 40% dos custos de produção de algumas culturas.
Em uma situação internacional complicada, como a que se está vivendo desde o final de 2021, com problemas na logística de distribuição e a guerra da Rússia com Ucrânia, houve uma alta do preço desses produtos. A variação dos preços e a incerteza no suprimento têm sido grande preocupação dos produtores. Então, vive-se uma situação bem complexa, pois se importa um insumo caro, e este, muitas vezes, não é utilizado da melhor forma.
Existem vários caminhos para aumentar a eficiência do uso dos nutrientes no campo. Muitas tecnologias estão à disposição do produtor. Na sequência, são apresentadas algumas soluções tecnológicas que podem ajudar a melhorar na aplicação das boas práticas e contribuir para altas produtividades na agropecuária brasileira de forma racional e sustentável.
Análise de solo- A análise química do solo é essencial para avaliar sua fertilidade. Com a interpretação dos resultados é possível realizar manejo químico do solo de maneira eficiente e econômica. Associadas às análises físicas (densidade, textura do solo, por exemplo), com as análises biológicas (atividades de enzimas) mais acessíveis atualmente, é possível realizar um diagnóstico completo e muito informativo da condição do solo.
Os resultados da análise química determinam o estoque de nutrientes e os elementos químicos limitantes no momento anterior ao plantio, possibilitando a correta recomendação de calagem e adubação, bem como monitorar e avaliar periodicamente o balanço dos nutrientes no solo. Além disso, o balanço de nutrientes no sistema solo-planta pode ser considerado um indicador da sustentabilidade do uso agrícola do solo.
Toda recomendação de calagem e adubação deve ser realizada com base nos resultados de análises químicas em amostras coletadas nos diferentes sistemas de produção. Evitando-se, assim, o uso de quantidades fixas de calcário e de formulações de fertilizantes, que se utilizadas sem critérios podem levar a “desbalanços”, aplicando-se subdoses, ou em excesso.
Sistemas integrados- A agricultura conservacionista inclui um conjunto de práticas de manejo com base no plantio direto ou revolvimento mínimo do solo, na manutenção da cobertura permanente do solo com material vegetal e na diversificação de culturas. A adoção dessas práticas conservacionistas aumenta a entrada de matéria orgânica no solo e altera suas taxas de decomposição, favorecendo a agregação das partículas e promovendo a estrutura do solo.
A rotação de culturas e a cobertura do solo aumentam a infiltração e retenção de água, regulam a temperatura, estimulam a atividade biológica e reduzem a pressão de plantas invasoras. Com a redução da perturbação do solo e preservação da sua estrutura, há o aumento dos poros condutores de água. Como consequência, há a reversão do processo de erosão, aumento da capacidade de retenção de água e da disponibilidade de nutrientes para as plantas. O aumento da quantidade de matéria orgânica do solo (MOS) leva também a menor emissão de gases de efeito estufa (principalmente CO2, CH4, N2O) para a atmosfera e redução do aquecimento global. ( Mais informações sobre o tema: Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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