Cultivar algodoeiro no Brasil requer dedicação intensa por mais de seis meses durante cada safra. Correções de solo, adubação, controle de doenças e de plantas daninhas, regulação do crescimento, colheita – muitos são os desafios. O controle de insetos, porém, exige os maiores esforços. Ao longo do ciclo do algodoeiro, pulgões, lagartas, mosca-branca e percevejos podem promover danos à produção de plumas. Acima de todos esses problemas, porém, ainda está o ataque de bicudos, insetos que podem provocar perdas significativas na produção de plumas.
Quais seriam os caminhos mais seguros para se obter o sucesso no controle populacional do bicudo? Se o problema é coletivo, as medidas de controle deverão ser coletivas e integradas. Para pragas de alta mobilidade como o bicudo, o manejo em grandes áreas é mais efetivo e preferível do que ações pontuais e independentes de cada produtor. Três delas são direcionadas para o início e o final da safra e auxiliam na redução populacional do bicudo ao longo do tempo.
Movimentos de saída e de entrada do bicudo são conhecidos no final da safra, quando vão para os refúgios de vegetação natural adjacentes às lavouras, e no início do florescimento da nova safra, quando são atraídos de volta. No início do florescimento, o controle localizado através de pulverizações de inseticida no perímetro das lavouras (aplicações de bordadura) elimina esses adultos, impedindo sua instalação na lavoura, a oviposição e o nascimento de novos indivíduos. As aplicações em bordadura devem ser feitas a partir da fase V3 (plantas com três folhas verdadeiras) até a fase C (ocorrência da primeira maçã firme), em faixa de 30 a 50 metros ao longo do perímetro das lavouras de algodão.
No final da safra, a aplicação em bordadura vai reduzir ainda mais o número de bicudos sobreviventes, aumentando a eficiência de controle. Quando avaliados o comportamento do bicudo na periferia e dentro da lavoura de algodão fica claro que as plantas da periferia de lavoura se destacam e atraem mais bicudos que as plantas do interior do talhão. Da mesma forma que no florescimento, também no final da safra os bicudos sobreviventes da entressafra são atraídos para as bordaduras.
Essas constatações reforçam a importância do controle de bordadura. Importante observar, porém, que tal controle se baseia na formação de uma barreira química e somente terá a eficácia esperada se for feito com a devida frequência (máximo de cinco dias de intervalo entre as aplicações) e com produtos eficientes. Em Goiás, duas áreas de produção em Luziânia e Turvelândia, onde essa medida foi efetuada com rigor e em conjunto com as demais medidas recomendadas de MIP do inseto, conseguiram reduzir bastante o número de pulverizações