Artigo: A vacinação de bovinos no controle de doenças – novas perspectivas
A prática da vacinação é amplamente difundida, tanto em seres humanos quanto em animais. Sua utilização transcorre desde o final do século XVIII, quando Edward Jenner demonstrou pela primeira vez a possibilidade de proteger seres humanos contra uma grave doença àquela época, a varíola humana, fazendo uso de material coletado de pústulas de vacas infectadas com varíola bovina. Daí a origem dos termos vacina/vacinação, os quais são derivados do latim vacca.
Ocorre que, logo após o início dessa prática, momentos de críticas e não aceitações ocorreram em todo o mundo. Hoje vemos os benefícios da vacinação pela erradicação e controle de inúmeras doenças importantes na área humana e veterinária. As cadeias de pecuária têm, e muito, se beneficiado por esta prática.
Uma vacina pode ser considerada qualquer preparação que, administrada em um indivíduo ou animal, seja capaz de induzir resposta imune protetora contra um ou mais agentes infecciosos. O objetivo da prática é a prevenção ou atenuação da doença clínica ou de seus efeitos. O agente infeccioso pode até chegar a invadir o organismo e iniciar a replicação, mas, a partir daí, como consequência de uma boa vacinação, o sistema imune e seus componentes bloqueiam sua replicação. Assim, a disseminação do agente no organismo é rapidamente controlada e não ocorre doença propriamente dita, ou, quando ocorre, é branda, deixando de ter impactos relevantes na produção animal.
Embora em uma população o nível de proteção de 100% seja praticamente impossível de se alcançar, a imunidade do rebanho tem que ser vista como um todo. Mesmo que nem todos os animais vacinados estejam efetivamente imunizados, o fato de a maioria deles estar protegido pode impedir a disseminação do patógeno no rebanho. É possível encontrar vacinas no mercado que, mesmo com nível de eficiência relativamente baixo tem grande aceitação, na dependência de uso de alternativas para um efetivo controle, especialmente contra agentes mais complexos.
A grande maioria das vacinas licenciadas, inclusive para uso veterinário, é antiga no mercado e são produzidas pela forma tradicional (as quais se utilizam de microrganismos vivos atenuados, mortos ou por subunidades destes). Para a obtenção destas vacinas o patógeno precisava ser isolado, cultivado, inativado ou atenuado, inoculado no animal, e então, avaliava-se o efeito protetor. Esta é uma estratégia demorada e muitas vezes, não muito segura. Essas são, em geral, contra vírus e bactérias, como vacinas contra febre aftosa, raiva, doenças do complexo respiratório bovino, brucelose e clostridioses.