Ataques de percevejo castanho em pastagem exigem atenção do produtor
Fabrícia Zimermann Vilela Torres- Embrapa Gado de Corte
Com a volta das chuvas, a alegria do pecuarista retorna, mas, às vezes, nem tanto assim. As chuvas podem trazer junto com elas revoadas perigosas, que chamam a atenção pelo movimento e, também, pelo odor desagradável que deixam no ar. Na mesma época em que o pasto se recupera da seca e começa a mostrar seu verde mais bonito, uma preocupação pode surgir, e muitas vezes sem culpados aparentes… apenas com os danos que surgem à medida que o tempo passa. Mas eles estavam ali o tempo todo? Por que será que não vi, alguns podem se perguntar.
E a resposta será “é bem provável que sim”. Mas, em alguns casos, ainda não incomodavam tanto assim. É que enquanto o pasto pôde suportar o ataque ele suportou, enquanto ainda restavam nutrientes no solo, ele superou sem mostrar fadiga. No entanto, eventualmente, o pasto acusa o golpe. Ele começa a mostrar sinais de que não anda bem e que, além de lhe faltarem nutrientes, lhe faltou a chuva e o sol castigou mais do que o normal. Agora, os habitantes que ali estavam, sem causar problemas, deram o golpe de misericórdia, chegando a saírem da área em revoadas na busca de plantas mais vigorosas.
Falamos dos percevejos castanhos, insetos pequenos, mas vorazes em sugar a seiva das plantas. As espécies mais encontradas no Brasil Central, em pastagens, são Scaptocoris castanea e Scaptocoris carvalhoi. Tanto a fase jovem (de cor branco amarelada), quanto os adultos, vivem abaixo da superfície do solo e se alimentam nas raízes dos capins.
Ocorrem em todo tipo de solo, mas pastagens localizadas em solos arenosos têm sido bastante afetadas, com danos expressivos e, até mesmo, a morte do capim, com reboleiras que chegam a cobrir extensas áreas. Em alguns locais com ataque mais severo encontramos inclusive áreas infestadas com plantas daninhas que surgiram após a morte do capim.
A recomendação para locais com alta infestação, ou àqueles que estão com muitos danos aparentes, é a reforma completa da área (correção do solo e adubação) pensando em melhorar as condições nutricionais da planta, para que suporte o ataque do percevejo. Observa-se que plantas mais bem nutridas (adubadas periodicamente) suportam melhor o ataque, muitas vezes nem manifestando os sintomas característicos. (Mais informações sobre o tema Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) www.embrapa.br/fale-conosco/sac/ )