Alguns dias após o incêndio que atingiu três municípios da região, os agricultores de Monte Castelo ainda contabilizam os prejuízos.
O produtor rural José Carlos Rocha, mais conhecido como Carlão, perdeu um alqueire destinado à plantação de cana-de-açúcar, para alimentação dos bovinos e, pastagem além de mais cinco alqueires de pasto numa propriedade arrendada. O gado de leite tem alimentação garantida uma vez que o produtor já havia se preparado para a seca, mas, agora sem pasto, Carlão conta com a solidariedade dos amigos. “Trinta bezerras estão espalhadas nas pastagens dos vizinhos”, diz.
O produtor conta que ele e o filho tiveram que cortar as cercas para o rebanho fugir do fogo e só no outro dia foram procurar os animais. “Nunca tinha vivido uma situação como essa, parecia filme”, descreve. Carlão comentou que depois do incêndio, alguns agricultores têm demonstrado preocupação com a proximidade das plantações de cana.
Já o produtor rural Plácido Ucles assistiu a tudo sem poder fazer nada. O fogo destruiu cinco alqueires de eucalipto em formação, que dentro de dois a três anos estaria pronto para o primeiro corte. Era sua primeira experiência com a cadeia produtiva, agora seu Plácido vai ter que antecipar o corte e viu sua possibilidade de lucro ir embora com as chamas nos 70 mil pés. “Acho que vou ter que vender pela metade do preço”, relata. Plácido lembra que além dos prejuízos agrícolas há as benfeitorias, como cercas, palanques, porteiras, entre outros.
De acordo com o engenheiro agrônomo responsável pela Casa de Agricultura de Monte Castelo, João Manuel Vicente a equipe local está percorrendo a zona rural e fazendo o levantamento das áreas atingidas pelo incêndio. Até o momento, uma avaliação preliminar indica que aproximadamente 30 hectares de eucalipto; 160 hectares de pastagem; 1.200 hectares de cana-de-açúcar, 250 a 300 hectares de área de preservação permanente – APP – e 200 hectares de área de reserva legal foram destruídas pelo fogo. O agrônomo explicou que os eucaliptos afetados pelo incêndio ainda não haviam desenvolvido todo seu potencial produtivo e no caso das pastagens, se tudo correr bem, a expectativa é que comecem a brotar dentro de 90 dias.