Números divulgados pelo Creas (Centro de Referência de Assistência Social) – Serviço de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, em Presidente Prudente, mostram que houve retração de 29,46% no número de atendimentos prestados em 2011, quando comparado ao ano anterior.
No ano passado, 395 mulheres em situação de violência doméstica e familiar receberam acompanhamento da equipe que é formada por quatro profissionais, entre advogado, psicólogo, assistente social e chefia de coordenação. São 165 mulheres a menos que o total de acompanhamentos totalizado em 2010, quando 560 mulheres foram protegidas por meio das ações desenvolvidas no local.
Essa queda significativa, segundo a coordenadora do Creas, Simone Duran Martinez, tem explicação. “No ano passado tivemos muito casos graves, o que nos demandou mais atenção no acompanhamento dessas situações que chamamos de extremo risco. São realidades delicadas, em que as mulheres, em alguns casos, correm o risco de até morrer se o município não oferecer algum tipo de proteção. Daí o fato de termos dado atenção especial a elas. Tendo em vista o tamanho de nossa equipe, é importante enfatizar que embora houve diminuição no número de atendimento de um ano a outro, atendemos inclusive acima da nossa capacidade, além do que nos é colocado como obrigação”, adianta.
E mesmo com as gravidades dos casos, a coordenadora do centro que é vinculado à Secretaria Municipal de Assistência Social revela que em 2011 houve 20 desligamentos, ou seja, mulheres que deixaram de serem acompanhadas por terem superado a violência doméstica dentro de casa. “Em contrapartida, dos 395 atendimentos prestados, tivemos 108 novos casos”, diz, se referindo àquelas que foram buscar atendimento no local pela primeira vez. Neste caso, se comparado a 2010, foram dois casos novos a menos. Isso porque naquele ano foram contabilizados 110 novos casos. “Um cenário que se manteve estável”, observa ela.
Martinez também divulgou os dados de 2009. Naquele ano, foram prestados 408 atendimentos, dos quais 176 eram novos. Para 2012, ela garante: as mais de 300 mulheres já atendidas no local desde o ano passado terão acompanhamento continuado. “É preciso entender que equipe do Creas faz um trabalho personalizado e em longo prazo, em razão do acompanhamento dos casos considerados mais graves. São situações que precisam de mais abrigamentos, de estratégias da própria segurança pública do município, e do acionamento do sistema de garantia de direitos, que envolve o Conselho Tutelar, Ministério Público e Poder Judiciário em geral. Tudo isso demanda tempo e muita atenção”, explica.
Por fim, ela lembra que na maior cidade da região o Creas – Serviço de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, existe desde 2007, e tem como principal objetivo contribuir com a mulher através de plano de proteção e de superação da violência. “Muitas pessoas pensam o seguinte: ‘ah, mas porque ela não larga do agressor?’. Não é tão simples assim. As pessoas precisam entender que para a mulher conseguir deixar o agressor, ela precisa ter condições emocionais, financeiras e proteção para tal. O momento da separação em decorrência de violência é muito arriscado, pois é nessa hora que o agressor pode ameaçar, chantagear e até matar”, esclarece. E completa: “É sempre importante estimular as mulheres em situações como estas a registrarem BO [Boletim de Ocorrência] na polícia, a partir do momento em que ela sofre a primeira violência. O BO, por si só, já é um fator de proteção que acua o agressor”, encerra. (Com assessoria de imprensa)