Foi divulgado pela Secretaria de Estado da Cultura o resultado do Concurso de Apoio a Projetos de Promoção das Manifestações Culturais com Temática LGBT, onde o projeto Flores Secas, do jornalista adamantinense Acácio Rocha, obteve a classificação de primeiro lugar entre os projetos inscritos.

Pela proposta, Flores Secas vai abordar o envelhecimento de gays, com um recorte especial para travestis. No roteiro, gays, terceira idade e seus direitos sociais e civis, acesso à saúde pública, às casas de apoio e abrigos, situações de abandono, trabalho, sexualidade, religiosidade, convivência familiar (ou sua ausência), entre outros aspectos da vida.
Participaram da seleção pública 146 projetos, em dois módulos, sendo selecionados 6 projetos do Módulo I, que receberão R$ 40 mil cada, e 10 projetos no Módulo II, que receberão R$ 20 mil. O projeto Flores Secas ficou foi contemplado no Módulo I. A seleção foi feita por comissão nomeada pelo Secretário Estadual de Cultura.
A seleção do projeto, de acordo com o próprio edital, levou em conta vários critérios: foram considerados pontos como relevância artística do projeto; qualificação dos envolvidos no projeto; diversidade temática e estética; interesse público, compatibilidade orçamentária e proposta de contrapartida e a viabilidade de realização do projeto.
Segundo Acácio, o tema “envelhecimento” parece passar despercebido nas grandes discussões sobre o universo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), pois pouco se discute sobre a maneira como os gays lidam com o envelhecimento, já que os debates e as reivindicações, quase que na predominância, invocam o resgate às diferenças e preconceito, e negligenciam o tema “futuro”.
Além das dificuldades comuns a todos na velhice, entre os gays há outros elementos que invocam essa reflexão, pois muitos são deixados de lado pelas famílias e pelos amigos, e quase na totalidade não têm filhos, que pudessem assegurar cuidados na velhice. “Se aplicar o peso da condição social, envolvendo sobretudo condições financeiras, o quadro fica ainda mais complexo”, destaca Acácio.
O autor do projeto explica que o resultado final da produção será distribuído para organizações brasileiras que se relacionam com o universo LGBT, para ampliar o acesso ao mesmo, a partir de iniciativas dessas próprias organizações, sobre o tema, ficando assegurada reserva de cópias para a Secretaria de Estado da Cultura, para que faça a utilização que melhor decidir. “Acredito que a proposta vai preencher um vazio no que se refere a conteúdos sobre essa temática, e já recebi, na fase de elaboração do projeto, diversas manifestações de apoio à iniciativa, sobretudo pela contribuição que poderá dar à sociedade brasileira”, destaca Acácio.
Agora Acácio aguarda a convocação para assinatura do Contrato, o que deve ocorrer em dezembro, para início da produção em janeiro, o que deve durar cerca de 4 meses até sua finalização. Cidades como São José do Rio Preto, Marília, Araçatuba, Bauru e Presidente Prudente estão sendo pesquisadas para identificação de personagens e histórias para o documentário.
O documentário terá 30 minutos de duração e seu conteúdo também será disponibilizado para visualizações e download na internet.
Acácio Rocha é jornalista com pós graduações em Gestão Cultural, pela Universidade de Girona e Instituto Itaú Cultural, e Gestão Pública, pela Universidade Federal de Uberlândia. Foi Secretário Municipal de Cultura e Turismo de Adamantina/SP (2006 a 2012). Atualmente é Secretário de Desenvolvimento Municipal de Lucélia/SP.
PROAC – O Programa de Ação Cultural – Proac ICMS é o principal mecanismo de apoio à cultura do Governo do Estado de São Paulo. Funciona por meio de renúncia fiscal e destina 0,2% do total arrecadado no Estado com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) à produção cultural.
Os Editais do ProAC funcionam como concursos, com período de inscrição, regras e parâmetros específicos. Para cada edital, uma comissão de análise escolhe os projetos vencedores. Os contemplados recebem o recurso pré-determinado no edital – que deve ser utilizado exclusivamente na realização do projeto.