O Departamento Jurídico da Prefeitura de Paulicéia concedeu prazo de um mês, aos responsáveis pelo Residencial Vista Verde, para que promovam melhorias inexistentes no loteamento onde dezenas de famílias convivem sem água, energia elétrica e rede de esgoto. Este prazo vence no próximo dia 16.
De acordo com o advogado da Prefeitura, Antônio José Ricete Júnior, a data estipulada para fazer as benfeitorias no residencial foi comunicada a empresa responsável pelo loteamento, durante reunião realizada no Paço Municipal, com moradores do residencial e representantes da empresa, na semana passada. “Caso essa melhoria não aconteça a Prefeitura deverá ingressar com medidas judiciais”, afirmou o chefe do Departamento Jurídico.
Para saber do posicionamento da Pentágono Empreendimentos Imobiliários, empresa loteadora do Residencial Vista Verde, a reportagem do JR procurou o escritório do loteamento no centro de Paulicéia, sendo informado por um funcionário que era para ligar para a sede da empresa no município de Paulínia. Em uma das ligações feitas outro funcionário que responde pelo nome de André disse que o loteador estava viajando.
MORADORES – No residencial, inaugurado em outubro de 2011, as condições de vida das famílias observadas naquela comunidade imitam a realidade diária de quem vive nas regiões mais pobres do nordeste brasileiro, sem água potável, rede de esgoto e energia elétrica.
Sobre o sonho que virou pesadelo, o trabalhador rural Edvaldo Pereira dos Santos, de 67 anos, disse que comprou enganado um dos mais de 300 lotes disponíveis para venda no residencial, pois no dia de fechar o negócio disseram a ele que toda a infraestrutura seria feita em apenas 15 dias. “Passaram-se quatro meses e aqui estou sem água e muito menos energia. Até dormir sem tomar banho já aconteceu aqui comigo”, desabafou.
Na frente da casa de Edvaldo, existem dois latões sem coberturas, cheios com água potável, abastecidos pelo caminhão pipa da Prefeitura, duas vezes na semana. Com a água ele toma banho e cozinha. “Se quisermos pegar água limpa para beber, precisamos ir à cidade para pedir na casa de conhecidos”, disse ele que todo mês desembolsa R$ 230, das 120 parcelas da prestação do lote. 
Outro caso é do aposentado José Maria Pereira, de 70 anos, com dificuldades de construir sua casa no loteamento, em razão da falta de água, mora de improviso num barraco adaptado com madeira e telhas. No olhar sofrido, ele fala que é humilhante uma pessoa idosa ficar exposta a tamanho abandono. “Estou me esforçando ao máximo para não atrasar a parcela do lote. Me viro com gerador de gasolina e chego a usar água da chuva para beber e cozinhar em ocasiões do caminhão pipa faltar”, afirma.
Sobre o abastecimento de água, a Prefeitura respondeu que este abastecimento acontece duas ou mais vezes na semana no Residencial Vista Verde, de acordo com a necessidade dos moradores.