Mesmo após o bispo dom Luiz Antônio Cipolini ter determinado a transferência do padre Wilson Luis Ramos, da Paróquia Santo Antônio, em Adamantina, para o Santuário Diocesano Nossa Senhora de Fátima, em Dracena, um grupo de fiéis não aceitam a decisão.
Na noite desse domingo, 7, durante a missa do crisma celebrada pelo bispo e o padre, fiéis, em sua maioria do Grupo Jovens do Céu, invadiram a igreja após a cerimônia do crisma e antes da consagração, considerado o momento mais importante e sagrado da missa. Segundo o grupo, além dos Jovens do Céu, outras pessoas aderiram às manifestações.
Na tentativa de reverter à decisão do bispo e conseguir uma explicação do religioso, os fiéis chegaram a subir no altar com cartazes e narizes de palhaço e gritarem: “Fica padre Wilson”. Parte dos manifestantes jogou moedas no altar. Ramos pediu para que interrompessem as manifestações. “Não é assim que nós resolvemos as coisas. A casa de Deus não é lugar para isso”, disse. A missa prosseguiu, no entanto, vaias surgiam da plateia quando o bispo se pronunciava.
“Jogar a moeda seria uma forma de contestar que o bispo não poderia dar ouvidos somente aos ‘ricos’. O combinado era de jogar as moedas quando ele entrasse no carro, fora da igreja”, explicou Viviane Dantas, que faz parte do grupo Jovens do Céu.
Segundo Viviane, a intenção não foi desrespeitar o religioso, mas o comportamento de algumas pessoas que não agiram conforme o combinado causou tumulto.
Ao final da missa, os fiéis aguardaram a saída do bispo, que não se pronunciou sobre o assunto.
“Nós queremos explicações”, “Fora dom Luiz” e “Fica padre Wilson” foram alguns dos gritos de ordem.
Segundo a Polícia Militar, mais de 500 pessoas estavam do lado de fora da igreja aguardando a saída do bispo. A Força Tática da PM também esteve no local.
O padre Wilson saiu da igreja e em meio à multidão pediu para os manifestantes pararem com o tumulto. “Pelo amor de Deus pessoal, vamos parar com isso, vocês estão me prejudicando agindo dessa forma”, disse.
Dom Luiz só conseguiu sair da igreja escoltado pela polícia. O carro da Diocese teve os pneus murchados e a lataria riscada. Com isso, o bispo foi conduzido por outro veículo.
De acordo com o grupo Jovens do Céu, as manifestações deveram continuar de forma pacífica. “Por enquanto vamos continuar com o abaixo-assinado e nos manifestar somente com vestimenta pretas durante as missas”. Segundo eles, já foram colhidas 10 mil assinaturas nas cidades de Adamantina, Lucélia, Mariápolis, Flórida Paulista, Pacaembu e Marília. A meta é conseguir no mínimo 20 mil assinaturas.
No sábado, 6, quase 2 mil pessoas se reuniram para uma passeata que representou ato em favor do padre Wilson, que aconteceu na final da missa do período da noite. O padre agradeceu a todos pelo gesto de carinho e se desculpou, pois precisava celebrar um casamento.
A reportagem procurou ouvir o bispo da Diocese de Marília, dom Luiz Cipolini, mas sem êxito.