De férias em Flórida Paulista, a meio-campo do São José Esporte Clube, Rita Bove, 24 anos, aproveita este final de ano para descansar e matar a saudade da família em sua cidade natal.
Após uma temporada no Japão, onde o time conquistou o Mundial Feminino de clubes, no inicio de dezembro, em disputa com o Arsenal, da Europa, Rita agora descansa na casa dos pais, mas sem deixar o ritmo dos treinos de lado.
Na pequena propriedade rural da família, localizada no bairro Alto Alegre, popular Pé de Galinha, onde Rita nasceu e passou a infância e adolescência, o pai, Sergio Luis Bove cuida com zelo e carinho do campo de futebol que fez especialmente pra filha. É lá que Rita realiza os treinos quando está de férias e não dispensa uma disputa de futebol com familiares e amigos.
Sempre que vai pra casa dos pais, Rita leva consigo as medalhas que conquistou e os uniformes que usou nas disputas e deixa parte delas com os pais. A mãe já tem uma coleção de coisas da filha que ficam guardadas de recordação.
“Desde pequena jogo bola, mas na infância, eu e meus primos não tínhamos um campinho pra brincar, então qualquer espaço servia. Até que meu pai conseguiu fazer o campo pra gente”, conta.
O que começou como uma brincadeira de criança foi se transformando em talento que futuramente se tornou profissão. “Depois que disputei uma partida representando o time de Flórida, foi formado um time, o CME, que era a Liga de Futsal da cidade, depois disso, joguei por Dracena e Pacaembu, isso aos 10 anos de idade.”, relata.
A atleta conta que sua família, principalmente os pais, Sergio e Marisa Bove sempre a incentivou. “Meus pais me apoiaram desde sempre. Meu pai principal sempre me acompanhou nos jogos”, completa.
Rita deixou o conforto da casa dos pais para iniciar sua carreira profissional ainda na adolescência, aos 14 anos de idade. Na época, ela conseguiu aprovação em um time de Jaguariuna, onde permaneceu por seis anos. Foi na cidade que ela concluiu os estudos e se consolidou profissionalmente. Ela também teve passagem pelo Saad, onde disputou a Copa do Brasil, Sub-20; XV de Piracicaba e agora no São José.
“No começo foi muito difícil. Eu morava com meus tios, mas mesmo assim não é a mesma coisa que estar em casa, mas consegui vencer e foi bom pois amadureci muito. Você acaba aprendendo a se virar”, disse.
Orgulhosos, os pais relatam que a família se reúne quando os jogos em que Rita participa são transmitidos na televisão. “É uma emoção muito grande, passa um filme na cabeça e a gente se lembra de como tudo começou”, disse o pai.
Em 2014, a atleta completou 10 anos de carreira. Ao longo desse período, ela coleciona títulos como dos Jogos Regionais, Campeonato Paulista, Copa Libertadores e o mais recente, Mundial Interclubes.
“É um titulo único, nem mesmo a seleção brasileira feminino tem. É de alto nível, completamente diferente de tudo que disputei, só não tem o mesmo prestigio que o futebol masculino tem”, disse ela com relação ao titulo mundial.
Para Rita, o futebol feminino evoluiu muito, no entanto, está aquém do que se espera. “O problema ainda está na mente das pessoas, ainda existe muito preconceito”, relata.
Nesses 10 anos de carreira, Rita disse que já pensou em desistir. “Várias vezes já pensei nisso. Por que você começa a se questionar se vale a pena, mas a paixão fala mais alto”, confessa.
A atleta revelou que seu maior sonho é ver o futebol feminino crescer ainda mais. Para o futuro, Rita diz que pretende só continuar trabalhando para melhorar sempre mais.
“Independente de qualquer coisa, se você tem um sonho, nunca pode desistir e dentro do futebol feminino, mesmo os obstáculos sendo maiores, se houver persistência e força de vontade, você conquista algo”, finaliza Rita Bove.