Pela análise técnica do engenheiro naval, Humberto Rodrigues Bogaz, especialista em transporte hidroviário, a possibilidade de empresas na região da Nova Alta Paulista usar a hidrovia Tietê–Paraná está na necessidade desses empresários assinarem contratos em longo prazo que chega há 10 anos, ter quantidade suficiente de produtos para escoar e assim atrair investidores interessados em atender a demanda.
A hidrovia reativada pelo Governo do Estado de São Paulo no final de janeiro deste ano estava interrompida para a passagem de embarcações desde maio de 2014, em decorrência do baixo nível dos reservatórios de Três Irmãos e Ilha Solteira.
A retomada da navegação representa a geração de empregos e contribui para a redução de custos das produções, já que esse tipo de transporte apresenta custos operacionais inferiores a outros modais. Além disso, a hidrovia oferece vantagens logísticas ao contribuir para reduzir o tráfego nas estradas.
Bogaz listou a possibilidade de transportar pelo Rio Parará açúcar e álcool colocando ponto de interrogação na questão do transporte de areia em razão da existência desse material ao longo da hidrovia. “Seria levar areia para onde tem areia”, analisa.
Sobre o tijolo, ele afirma que essa não seria carga para hidrovia, porque a carga não chega a uma tonelada.
“Nós temos que pensar que cada viagem precisa no mínimo 2,5 toneladas por viagem menos que isso não é viável. Então, se as indústrias se comprometerem com armador, quem constrói e opera a embarcação, de que ela vai colocar seus produtos nas embarcações ao longo do ano isso fará que as empresas de navegação venham buscar o produto”, disse.
Os portos de areia Nossa Senhora da Aparecida, em Panorama, e Ilha Carolina, em Paulicéia, consultados pela reportagem do Jornal Regional demonstraram preferência pelo transporte ferroviário em razão do mercado consumidor de areia e pedra dessas empresas está concentrada ao longo das cidades da Nova Alta Paulista.
A Incoesp (Cooperativa das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista), em Panorama, vem desde 2013 negociando com o Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo uma viagem experimental para saber de fato se é viável escoar a produção pela hidrovia.
A Usina Caeté, produtora de álcool, desenvolve um estudo para explorar o potencial da hidrovia Tietê-Paraná.
HIDROVIA TIETÊ-PARANÁ – A hidrovia Tietê-Paraná possui 2.400 quilômetros de extensão, sendo 1.600 quilômetros localizados no Rio Paraná, administrado pela Ahrana – Administração da Hidrovia do Paraná (ligada ao Ministério dos Transportes) e 800 quilômetros no rio Tietê, sob responsabilidade do Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo. A hidrovia integra um grande sistema de transporte multimodal, abrangendo os Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. Conecta áreas de produção aos portos marítimos e serve os principais centros do Mercosul.
O Departamento Hidroviário executa o Programa de Modernização da Hidrovia Tietê-Paraná, que prevê investimentos da ordem de R$ 1,5 bilhão, conforme convênio assinado entre o Estado e o Governo Federal, em 2011. Deste montante, R$ 900 milhões são provenientes da União e R$ 600 milhões do Tesouro do Estado. O programa tem como objetivo realizar melhorias e modernização no trecho paulista da hidrovia.