A Câmara de Vereadores de Adamantina cassou por unanimidade o mandato de prefeito de Ivo Santos durante sessão extraordinária de julgamento que teve início na noite de segunda-feira, 22 e término na madrugada de ontem, 23, por volta de 3h30.
Em uma sessão polêmica e tumultuada de quase oito horas de duração, houve discussões e atritos entre vereadores.
A sessão estava prevista para começar às 19h, mas só teve início com a chegada de Ivo Santos, com 40 minutos de atraso. Ele estava acompanhado de sua esposa Fernanda Vendicto e do seu advogado, Salvador Mustafa.
Enquanto prefeito do município, Ivo assinou um cheque no valor de R$ 276 mil para o pagamento de precatórios, que foi parar na conta particular do ex-secretário de Finanças a época, Neivaldo Marcos Dias de Moraes.
Após três horas de leitura do processo que no total possui 1.400 páginas, o vereador Hélio José dos Santos propôs a leitura somente das partes principais do documento.
De acordo com ele, durante à tarde, após acordo entre as partes, ficou decidido que o documento não precisaria ser lido na íntegra, já que poderia levar até 22 horas para ser concluído. Entretanto, no início da sessão, o advogado de Ivo, Salvador Mustafa exigiu a leitura completa do documento.
Após a apresentação do primeiro requerimento, os vereadores votaram favoráveis à proposta e o relator Luiz Carlos Galvão prosseguiu com a leitura somente das partes principais da peça que, ainda assim, levou mais duas horas para ser concluída.
Um detalhe que chamou a atenção durante a leitura é que o cheque foi preenchido com máquina de escrever. No entanto, as testemunhas que prestaram depoimento à CIP, que são funcionários da Secretaria de Finanças desconhecem que haja máquina de escrever no setor.
Um dos volumes da investigação lido publicamente aponta que o dinheiro público depositado na conta do ex-secretário foi utilizado para fins particulares.
Terminado a leitura, os vereadores tiveram 15 minutos cada, para se manifestar, e em seguida, Ivo Santos e seu advogado tiveram duas horas para apresentar a defesa.
Ivo Santos afirmou que não tem relação com o que o ex-secretário fez. “Eu não tenho absolutamente nada a ver com isso”, afirmou. Segundo Ivo, ele confiou em seu secretário e acreditou que o cheque que assinou seria utilizado para pagamento de precatória.
Sobre as acusações de omissão e negligência por não tomar medidas administrativas contra Neivaldo, Ivo defende que por não se tratar de um funcionário público ele não poderia abrir uma sindicância. “O secretário mesmo pediu a exoneração então não havia mais nada que eu pudesse fazer”, disse.
Antes de iniciar a votação, outro requerimento oral foi apresentado por Hélio propondo a alteração de secreta para nominal aberta, na forma de votação dos vereadores e o requerimento foi aprovado.
Os nove vereadores votaram por unanimidade pelo acolhimento do relatório final da CIP, escrito pelo vereador e relator da Comissão, Luiz Carlos Galvão que acusa Ivo Santos de agir com negligência e omissão. A CIP foi presidida pelo vereador Fabio Roberto Amadio e teve como membro o edil Roberto Honório de Oliveira, todos sorteados.
A investigação da Câmara teve início após denúncia. Antes disso, Ivo Santos havia sido afastado em novembro pelo Ministério Público, que iniciou as investigações do mesmo caso e acusa Ivo de improbidade administrativa.
O advogado de Ivo disse que a Câmara atropelou o regimento interno. “O que julgou o prefeito foi o regimento interno da Câmara Municipal de Adamantina. Só que os vereadores instrumentalizaram o processo e naquilo que foi interessante pra eles. Usaram o regimento e no que não foi eles não usaram”, disse o advogado Salvador após a sessão.
Para Ivo Santo ele foi vítima de uma injustiça. “A gente sabe que não foi feito a justiça e agora vamos buscar um reparo disso em todas as esferas de governo”, disse ele.
O novo prefeito será João Eduardo Barbosa Pacheco ‘Dr. Pacheco’ que deve assumir o cargo hoje, 24. A posse ainda não foi possível devido a oficialização necessária por parte da Câmara.
Neste intervalo de tempo, quem fica a frente da prefeitura é a secretária de Assuntos Jurídicos, Ninfa Adriana Garavazo Glasser Leme.