O padre José Afonso Maniscalco, da Paróquia de São Pedro, e José Luiz das Chagas, guardião das sementes crioulas, ambos de Paulicéia, estiveram em Marília para receber a colaboração do Fundo Diocesano de Solidariedade e da Cáritas Diocesana de Marília, no sábado. O valor da premiação é de R$15 mil.
O reconhecimento do Projeto Sementes Crioulas decorre de seus objetivos sintonizados com o tema da Campanha da Fraternidade, que, neste ano, foi Biomas brasileiros. Seguindo tradições milenares de cultivo e partilha de sementes sem manipulação genética e usando técnicas preservacionistas, esse sistema de produção de alimentos contribui para a segurança alimentar.
Voltada principalmente para o consumo local, as sementes crioulas dos guardiões contemplados podem ser adquiridas nas feiras-livres de Paulicéia, Panorama e Tupi Paulista.
A colaboração do Fundo Diocesano será empregada na construção da identidade visual do grupo, em cursos de aperfeiçoamento e outras necessidades imediatas, que promoverão a consolidação do projeto.
No dia 1º de julho, durante as festividades de aniversário da cidade de Paulicéia, serão inauguradas quatro barracas de feira e a logomarca do grupo. Visitantes receberão panfletos informando as características do sistema agrícola que produz e comercializa essas sementes. Nesta mesma data ocorrerá a inauguração do banco comunitário das sementes crioulas. A ideia é transformar Paulicéia em polo regional dessa prática, contribuindo para que outras pessoas possam tornar-se guardiões dessa tradição, produzindo alimentos saudáveis e com maior equilíbrio ambiental. Além de vegetais, outros produtos compõem essa prática: leite, ovos, carnes, mel, etc.
PROJETO – O Projeto Sementes Crioulas nasceu em 2016, quando um grupo de pessoas uniu-se para dar visibilidade ao trabalho de vários anos feito por agricultores dos assentamentos Regência e Santo Antônio. O grupo é composto por membros da comunidade de Paulicéia, estudantes, professores, técnicos, religiosos e agricultores. Articulados pela professora Izabel Castanha Gil, que é coordenadora regional do Projeto Inova Paula Souza e professora da UniFAI, instituições públicas de assistência técnica e de ensino e pesquisa têm exercido papel importante. Outras parcerias importantes estão em fase de articulação. Em Paulicéia, tem sido imprescindível o apoio da Prefeitura e da Paróquia de São Pedro. A comunidade local mostra-se muito receptiva, fazendo aumentar significativamente a procura pelos produtos naturais e outras formas de apoio.
O desenvolvimento com base local caracteriza-se pela articulação entre agentes públicos e privados, valorizando e potencializando os recursos existentes. Iniciativas agregadoras sempre trazem bons resultados. (As informações são da professora Izabel Castanha Gil, coordenadora Regional do Projeto Inova Paula Souza e professora da UniFAI e do Centro Paula Souza).

 

SEMENTES CRIOULAS – Por denominação, são variedades desenvolvidas, adaptadas ou produzidas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas ou indígenas, com características bem determinadas e reconhecidas pelas respectivas comunidades. De acordo o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead), estas sementes, passadas de geração em geração, são preservadas nos muitos bancos de sementes que existem no Brasil. Um banco de sementes também serve como garantia para os produtores rurais, pois mesmo os melhores exemplares podem sofrer com problemas climáticos, como a falta ou o excesso de chuva.