Dois colombianos, de 21 e 25 anos, foram presos em flagrante em Presidente Prudente nesta quinta-feira (8) pela prática de agiotagem, entre outros crimes. A dupla foi localizada após a esposa de um deles o denunciar por uma agressão. Foram apreendidos R$ 19,7 mil, US$ 1, um aparelho de DVD, panfletos de propaganda de empréstimos para lojistas e profissionais, um carimbo retrátil, caderno com anotações de dados de empréstimos diversos, dois celulares e uma chave.
A prisão da dupla foi registrada na Delegacia Participativa da Polícia Civil, em Presidente Prudente, e lista crimes como lesão corporal, usura pecuniária ou real, violência doméstica, ameaça, desobediência e furto.
PM acionada
A ocorrência teve início quando a mulher de um dos colombianos, uma vendedora brasileira de 22 anos, acionou a Polícia Militar. A corporação foi até o apartamento do casal, na Vila Furquim, e foi informada de que a solicitante havia sido agredida. Posteriormente, ela indicou o apartamento em que estava o autor e amásio, um autônomo de 25 anos.
Os policiais foram ao local indicado, onde encontraram o suposto agressor e outro colombiano, um vendedor, de 21 anos. No apartamento, havia R$ 19,7 mil em espécie e diversos documentos sobre a prática de usura.
Pouco antes disso, os policiais escutaram, pelo rádio, que houve um furto em residência que teria sido cometido por dois colombianos e, no apartamento, estavam o aparelho de DVD e outros objetos, além de documentos pessoais da vítima, uma brasileira de 20 anos.
O autônomo desobedeceu à ordem de abordagem e, por isso, precisou ser algemado pelos militares. Em seguida, o indiciado ameaçou os policiais ao dizer que “cobrariam aquilo e iria ao velório deles”.
Furto e traição
Durante a ação policial, a vendedora relatou que é amásia do autônomo e que ambos se conheceram em Recife (PE), onde ele já trabalhava com agiotagem. O casal mudou-se para Presidente Prudente e o homem passou a trabalhar para outro indivíduo, também colombiano.
A mulher ainda informou que em data anterior os dois abordados estavam juntos e que foi até a porta do apartamento em que estavam, onde ficou por cerca de duas horas ouvindo conversarem, quando soube que teriam furtado a casa da moça de 20 anos, com quem o seu companheiro teria mantido relacionamento extraconjugal.
Neste momento, a vendedora tocou a campainha e mostrou ao marido que estava ciente da traição e dos demais fatos, quando foi agredida. O indivíduo a teria arrastado pelos cabelos, fazendo com que ela perdesse parte deles na ação, além de ter sido atingida por chutes e pisadas.
A moça vítima do furto disse que manteve relacionamento com um dos colombianos, o qual, em data anterior, subtraiu diversos itens de uso pessoal de sua residência, os quais foram recuperados no apartamento, tanto no momento da abordagem deles quanto em momento posterior, quando foi ao local com investigadores da Polícia Civil.
A vítima ainda informou que o colombiano ingressou em sua residência sem a sua autorização e em seguida forçou a permanência no local, obrigando-a a deixá-lo, ocasião em que se aproveitou da situação para a prática do furto, agindo em conjunto com o outro abordado. Houve uma discussão com ele depois que percebeu a prática do furto e o homem retornou ao local, ocasião em que foi lesionada.
Agiota
Ao ser interrogado, o autônomo disse que se mudou para Presidente Prudente para trabalhar como agiota, que o patrão é colombiano, que faz empréstimos a juros de 1% ao dia e que sabe que a prática é ilegal, tanto no Brasil quanto na Colômbia.
Ele também negou a prática dos demais crimes pelos quais foi acusado. Disse que possui relacionamento conturbado com a vendedora, mas que ela, antes do atual emprego, o ajudava na prática de agiotagem entregando panfletos e nas cobranças. O indivíduo também disse que o vendedor, de 21 anos, não participava das atividades ilícitas.
Além de negar a agiotagem, o vendedor também alegou não ter participado do furto na companhia do autônomo, entretanto, em seu apartamento, que, segundo consta, tem contrato de aluguel em seu nome, foram encontrados os objetos referentes à prática da usura, bem como os objetos subtraídos. Ele mesmo confirmou que toda a quantia apreendida era da prática ilegal, ou seja, “com ele não havia quantia com a qual se manter no país, o que torna lógica a conclusão de que também se mantinha por meio da prática criminosa”.
Os objetos relacionados à usura foram apreendidos, pois por meio deles podem surgir novos elementos de prova. Ainda foi decretada a prisão em flagrante dos colombianos e representada pela Polícia Civil à Justiça a conversão em prisão preventiva.
Intenção
Em contato com comerciantes e policiais de Presidente Prudente, a Polícia Civil foi informada de que os colombianos são conhecidos pela prática de usura na cidade e, como é comum em indivíduos que atuam em tal atividade, empregam constantes ameaças contra aqueles que não conseguem efetuar os pagamentos.
Com isso, foi considerado que eles vieram para o Brasil já com a intenção de se dedicarem a uma atividade ilícita, sendo que a manutenção cautelar deles serve não só à garantia da ordem econômica, dada a atividade ilícita, mas também à instrução criminal e aplicação da lei penal, já que não possuem raízes na região, assim como garantia da ordem pública, representada pelas autoridades e integridade física das vítimas.
Enquanto uma das vítimas era ouvida, houve ligação para o celular que estava sendo usado pelo autônomo, em que um indivíduo tinha a intenção de emprestar uma quantia em dinheiro. A ligação foi gravada e uma mídia com o áudio será encaminhada com o flagrante. O celular foi apreendido.