A pequena Yasmin, que foi encontrada abandonada em uma calçada em Penápolis, receberá alta médica na próxima segunda-feira (18). A liberação havia sido feita na manhã desta sexta-feira (15), porém, foi adiada. A mudança, conforme o Judiciário, seria “apenas por precaução”. Não foram informados outros detalhes. 

Yasmin está internada na ala de pediatria da Santa Casa desde a última segunda-feira (11), quando foi encontrada no bairro Pereirinha. Ao lado dela, havia um bilhete que foi escrito pela mãe, onde explicava os motivos de abandoná-la no local.

Com a alta médica, a menina irá para uma casa abrigo. Uma equipe técnica do Fórum, composta por assistentes sociais e psicólogos, acompanhará a saída da bebê do hospital.

O juiz da Vara da Infância e Juventude, Heber Gualberto Mendonça, deverá acompanhar os  trabalhos.

ATENDIMENTO
A transferência para a instituição tem por objetivo de manter a criança em um local seguro onde há todas as garantias de atendimento adequado até que se esgotem as possibilidades de se encontrar a mãe ou algum parente próximo da recém-nascida. Além disso, a menina poderá ser adotada, por meio dos casais que já estão cadastradas.

A decisão vai ao encontro do que foi solicitado pelo Ministério Público. De acordo com o juiz, optou-se por manter a menina no hospital para receber o tratamento necessário até a alta médica e, após isso, ela irá para o abrigo. “Enquanto isso, o corpo técnico local do Fórum, composto por assistentes sociais e psicólogos, começou a pesquisar a identidade da mãe e possíveis familiares da menina na tentativa de localizá-los”, disse.

O magistrado explicou que, neste período, a mãe da criança tem o direito de aparecer e explicar o que levou ao abandono. “Não sabemos os motivos que fizeram com que ela cometesse esse ato, porém não descartamos que a bebê volte para ela. Mas isso não dependerá apenas da manifestação dela. A mãe passará por acompanhamento de psicólogos e psiquiatras antes de ser decidido”, destacou.

O Judiciário também dará início a consulta de casais que estão no cadastro nacional de adoção e que têm interesse, para ser iniciado um estágio de convivência. “Não há prazo para um desfecho do caso, pois tudo depende das circunstâncias e do sucesso das pesquisas do corpo técnico. A partir do momento que as informações forem chegando, faremos um acompanhamento para que a criança saia em um curto prazo do abrigo”, disse.

Mendonça contou que é grande a procura de pessoas interessados em adotar a menina, justamente por ela se encaixar no perfil de 95% casais que procuram a adoção. “Eles querem aquela criança recém-nascida, sem os pais, que preencherá o vazio familiar que eles buscam suprir”, explicou.

Conforma apurado pela reportagem, pessoas até de Miami entraram em contato demonstrando interesse em adotar a menina. O juiz disse este é o primeiro caso de abandono de recém-nascido para o qual foi designado. “Já acompanhei outros processos de crianças deixadas pelas mães após o nascimento, mas nos demais casos eles procuraram a assistência social e outros órgãos para informar que não queriam ficar com os filhos”, contou.

GEMIDO
A bebê foi encontrada pela jovem Tatiana da Silva Costa, de 23 anos, após ela deixar os dois filhos – de 6 e 9 anos – na escola. Ela caminhava pela rua Francisco Bertoli quando ouviu um gemido. Ao se aproximar, viu a menina, que estava dentro de uma mochila e enrolada em panos. A bebê chorava muito e colocava as mãos na boca, indicando que estava com fome.

Um vizinho ajudou Tatiana. Elisângela de Assis Rodrigues, que mora próximo do local, foi chamada e amamentou a recém-nascida. Ao lado do bebê havia um bilhete. Na mensagem, a mãe dizia que a criança se chamava Yasmin e que não tinha condições de criá-la. A DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) abriu inquérito e faz buscas para encontrar a mãe ou algum familiar da menina.