Os EUA foram atingidos por dois furacões nos últimos dias. O “Harvey”, o oitavo furacão da “Temporada de Furacões” (de junho a novembro), foi seguido pelo “Irma”, com ventos em velocidades acima de 295 km/h, categoria 5, em uma escala que varia de 1 a 5 (Escala Saffir-Simpson).
Você, neste momento, deve estar se sentindo com sorte de estar bem longe. Cuidado! No Brasil, já tivemos um furacão em 2004, chamado “Catarina”, que ocorreu na costa daquele Estado.
O aumento de fenômenos climáticos extremos pode ser creditado ao aumento da temperatura do nosso planeta. Desde as medições do final do século 19, observa-se que a temperatura média da Terra, em torno de 15ºC, aumentou quase 1ºC nos últimos 100 anos. Este aumento reflete a média anual de todas as estações meteorológicas do mundo.
O aquecimento da atmosfera da Terra se dá de baixo para cima. A luz do Sol aquece o solo e as águas. Estas, ao se aquecerem, emitem calor na forma de radiações infravermelhas, que vão aquecer a atmosfera. O calor emitido pela Terra vai para o espaço, porém, parte fica retida na atmosfera, aumentando o aquecimento. É o chamado “efeito estufa”, que, se não existisse, a temperatura média do planeta seria de -18ºC.
Durante os últimos 200 milhões de anos, o balanço de energia garantiu a nossa atmosfera a estabilidade de temperatura. Toda energia enviada pelo Sol durante o dia era devolvida para o espaço, sendo o balanço igual à zero! Durante o século 20, a humanidade prosperou. Éramos 1,6 bilhões em 1900, e dobramos duas vezes a população para cerca de 6,1 bilhões de pessoas no ano 2000. A produção de bens de consumo dobrou 14 vezes no mesmo período, impulsionada pela queima de combustíveis fósseis.
Segundo Relatório do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (2007), lançávamos anualmente 5,5 bilhões de toneladas de gás carbônico, devido à queima de combustíveis fósseis. Nada indica que isso tenha diminuído nestes dez anos. O gás carbônico é um dos principais gases causadores do aumento do “efeito Estufa”, e isto está provocando o desequilíbrio no balanço de energia do planeta: estamos esquentando!
O que isso tem a ver com os furacões? Ao aquecer a atmosfera, aumenta a quantidade de energia no sistema. Imagine que você está indo de carro para São Paulo, e a sua velocidade média é de 80 km/h. Se você passar para a velocidade média para 100 km/h, vai gastar mais combustível. Como consequência do aumento da velocidade, sua atitude, necessariamente, muda. Passa a prestar mais atenção na condução do automóvel, uma vez que mais energia é igual mais velocidade.
Com o aumento da temperatura do planeta acontece coisa análoga. Mais energia no sistema atmosférico significa mais fenômenos atmosféricos extremos. Portanto, é de se esperar mais furacões, mais tempestades furiosas, mais enchentes, aumento do nível dos mares, sem falar na queda da produção de alimentos, portanto, mais fome.
O que, como cidadãos, devemos fazer frente a isto? Primeiramente, nos mantermos informados. Dois graus Celsius de aquecimento do planeta já estão praticamente “contratados” para as próximas décadas, com isso, teremos mais eventos climáticos extremos. É preciso conversar com os seus amigos e familiares sobre isso, pois de uma forma ou de outra, seremos todos duramente atingidos. Uma segunda providência inteligente é cada um de nós diminuirmos o nosso consumo individual.