Mais de 30 mil doses de 17 tipos de vacinas foram estragadas por causa do apagão em Araçatuba, no interior de São Paulo. As vacinas estavam armazenadas em refrigeradores de sete unidades de saúde do município, mas perderam a validade depois que os aparelhos não conseguiram manter as temperaturas adequadas com a falta de energia elétrica. Em São José do Rio Preto, também no interior paulista, outras 500 doses, guardadas numa unidade básica de saúde, foram deterioradas.
Segundo a secretaria de Saúde e Higiene Pública de Araçatuba, 30.355 doses foram deterioradas, totalizando um prejuízo de R$ 41 mil. O estrago foi grande porque 27.117 doses estavam armazenadas no refrigerador do Posto de Saúde Central, que não possui gerador de energia e é responsável por distribuir as vacinas para as 23 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município.
Levantamento feito pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica aponta que 17.290 doses seriam para combater a febre amarela e o restante, 16 outros tipos de doenças, como a pólio, o rotavírus, a hepatite, a meningite e outras. “Houve alteração na temperatura dos refrigeradores, o que causou o estrago. As vacinas devem permanecer entre 2°C e 8°C, o que não ocorreu. O controle é feito pelo próprio refrigerador, que não foi acionado”, explicou a chefe do serviço, Luciana Coimbra.
Segundo ela, as unidades que apresentaram problemas tiveram o serviço de vacinação suspenso e as 30 mil doses prejudicadas serão devolvidas à Secretaria de Saúde estadual para serem repostas.
Em São José do Rio Preto, a secretaria municipal de Saúde divulgou nota confirmando que 95 frascos de vacina contra nove tipos de enfermidades foram inutilizados. Os frascos estavam no refrigerador da sala de vacinas da unidade de saúde do bairro Eldorado. Assim como em Araçatuba, o aparelho não manteve a temperatura em níveis de conservação recomendados.
Maternidade
Em Bauru (SP), quatro dos cinco bebês que tiveram de ser transferidos da Maternidade Santa Isabel para o Hospital de Base devem ser levados de volta ainda hoje. Seis bebês estavam em estufas na maternidade quando ocorreu o apagão. Cinco deles foram retirados às pressas na madrugada de ontem e apenas uma criança, doente renal crônica, continuou internada depois que o hospital conseguiu, já de madrugada, o empréstimo de um gerador.
A falta de gerador na maternidade causou revolta entre pais. “Ficamos assustados quando soubemos que não havia gerador na maternidade, um absurdo isso. Entrei em pânico e só me acalmei depois que soube que meu bebê tinha sido transferido e estava bem de saúde”, disse Liede Alexandre, mãe de uma das crianças.
Por falta de gerador, a maternidade poderá ser multada em até R$ 1 milhão. O interventor do hospital, Fábio Teixeira, disse que a falta de gerador foi, inclusive, motivo de discussão em reunião com representantes da Secretaria de Estado da Saúde. Segundo ele, o encontro terminou com a conclusão de que a maternidade deveria comprar o gerador o mais rápido possível. A previsão inicial era de que a maternidade esperaria uma reforma para instalar o equipamento. No entanto, o apagão ocorreu antes.
Falta de Luz
Por volta das 22h30 de terç
a-feira (10), as 18 unidades geradoras da usina de Itaipu começaram a “rodar no vazio” – ou seja, não conseguiam passar eletricidade para a rede distribuidora. O problema atingiu pelo menos 18 Estados, sendo que quatro deles (Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo) ficaram completamente às escuras. Acre, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rondônia foram parcialmente atingidos pela falta de luz. A situação foi normalizada entre a noite de terça-feira e a madrugada e manhã desta quarta-feira.
Três linhas de transmissão com problemas teriam causado o apagão. De acordo com o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, duas das linhas vão de Ivaiporã, no Paraná, a Itaberá, no sul de São Paulo. A terceira liga Itaberá a Tijuco Preto, no sul de Minas Gerais. O problema, afirma Zimmermann, foi possivelmente causado por condições meteorológicas adversas.
Com 18 unidades geradoras e 14 mil megawatts de potência instalada, a usina binacional de Itaipu fornece 19,3% da energia consumida no Brasil e abastece 87,3% do consumo paraguaio. De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), 28,8 mil megawatts de potência foram perdidos com a pane (cerca de 40% da energia do Brasil), o que impossibilitou o fornecimento para as demais regiões. Para abastecer o Estado de São Paulo, por exemplo, são necessários cerca de 17 mil megawatts.