O Primeiro Distrito Naval do Rio de Janeiro confirmou na tarde desta sexta-feira (19) que os tripulantes, professores e alunos que estavam no navio-escola canadense Concordia, que naufragou na tarde de ontem (18) a cerca de 300 milhas náuticas (aproximadamente 550 km) do litoral do Rio de Janeiro, são de 10 nacionalidades diferentes: Canadá, Estados Unidos, México, França, Nova Zelândia, Reino Unido, Polônia, Austrália, Japão e Alemanha.
O resgate dos ocupantes do navio será feito pelas duas fragatas da Marinha que já estão no local, Constituição e Liberal. Todos devem chegar amanhã (20) à Ilha de Mocanguê, na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Os náufragos foram retirados da água por navios mercantes que estavam próximos ao local do acidente, acionados pela Marinha. Um deles, o Hokuetsu Delight, resgatou três balsas com 44 pessoas ainda de madrugada. Pela manhã, outro navio mercante, o Cristal Pioneer, resgatou a última balsa, com 20 pessoas.
Os estrangeiros continuam nos navios mercantes e a transferência para as fragatas nacionais será feita por helicópteros. Serão necessárias 20 viagens para colocar todos nos navios de resgate brasileiros.
A Marinha recebeu um sinal de emergência automático emitido pelo veleiro canadense às 16h30 de ontem. Segundo o comandante do Primeiro Distrito Naval, vice-almirante Gilberto Max Roffê Hirschseld, a Marinha pediu então que a FAB (Força Aérea Brasileira) enviasse um avião para investigar o pedido de socorro. Cerca de quatro horas depois, o avião avistou uma das quatro balsas usadas pelos tripulantes para sair do veleiro.
Para o vice-almirante, foi uma vitória encontrar todos com vida. “Geralmente morre gente nesse tipo de acidente com veleiros”, disse em entrevista coletiva nesta tarde. O navio, que pertence ao “West Island College Internacional”, fazia a travessia de Recife (PE) para Montevidéu, no Uruguai.
Os sobreviventes estão a bordo dos navios mercantes, que estão se deslocando para a costa do Rio de Janeiro. A Marinha está tentando fazer o transbordo dos tripulantes para a Fragata Constituição, que acompanha os navios, mas ventos fortes impedem o trabalho.
Em nota divulgada, a instituição de ensino canadense afirma que está em constante contato com as forças de emergência brasileiras. A nota ainda diz que os familiares das vítimas do naufrágio contarão com toda a assistência necessária para garantir que os ocupantes do veleiro sejam adequadamente atendidos e repatriados com segurança o antes possível.
O ministro canadense das Relações Exteriores, Lawrence Cannon, agradeceu a ajuda brasileira no resgate dos estudantes estrangeiros. “Agradeço as autoridades brasileiras que realizaram essa operação de resgate e agiram rapidamente para prestar assistência ao veleiro e a seus passageiros”, disse, por meio de nota. “A tripulação e todos os passageiros se encontram sãos e salvos. É uma boa notícia”, completou.
O ministério de Relações Exteriores do Canadá informou que os oficiais consulares do país no Brasil estão prontos para receber os cidadãos canadenses e dar-lhes toda a assistência necessária. O governo canadense afirmou ainda, assim como a escola responsável pelos alunos, que não pode disponibilizar mais informações sobre os estudantes que estavam a bordo devido ao Ato de Privacidade que rege o país em questões como estas.
“Um dos tripulantes nos disse que o navio havia afundado fruto de um vento muito forte que estava na área. Realmente, as condições meteorológicas estavam muito ruins e o navio emborcou e, depois, naufragou”, disse o vice-almirante
De acordo com o itinerário publicado no site da escola canadense, o veleiro partiu de Lunenburg, no Canadá, no dia 7 de setembro de 2009. Segundo as informações, o navio-escola parou em Portugal, Irlanda, França, Malta, Turquia, Tunísia, Marrocos e Senegal, antes de chegar ao Recife, no dia 20 de janeiro de 2010.
A data prevista para o início do segundo semestre letivo era o dia 6 de fevereiro, quando o veleiro saiu de Recife em direção à cidade de Montevidéu, no Uruguai. A previsão é de que a chegada à capital uruguaia fosse no dia 23 de fevereiro.
A instituição
Fundada em 1984, a West Island College Internacional oferece aos jovens de todo o mundo a oportunidade de cursarem parte do ensino médio e da universidade a bordo de um veleiro.
O Concordia, construído em 1992, é um navio de 57,5 metros, capaz de transportar até 66 pessoas. Com um mastro de 35 metros, a embarcação possui 15 velas.
O site da instituição informa que os estudantes a bordo são assistidos por uma equipe de 10 profissionais, incluindo o capitão William J. Curry. Segundo a escola, a tripulação tem em média 200.000 milhas náuticas de experiência em navio à vela.