O cartunista Glauco Villas Boas, 53, foi morto a tiros na madrugada desta sexta-feira (12), em Osasco (SP). A polícia investiga se Glauco, como era conhecido, foi vítima de tentativa de assalto ou sequestro em sua residência na Estrada Portugal, no Jardim Três Montanhas.
A casa de Glauco foi invadida por dois homens armados, que tentaram levar pertences da família e o próprio cartunista. Ao tentar persuadir um dos bandidos, Glauco foi alvejado com quatro tiros à queima roupa.
O filho dele, Raoni Villas Boas, 25, que chegava da faculdade, discutiu com os bandidos ao se deparar com seu pai rendido e também foi atingido por disparos. Os bandidos fugiram do local em um carro roubado, sem levar nada.
Glauco e seu filho chegaram a ser socorridos e levados ao hospital Albert Sabin, no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, mas não resistiram aos ferimentos e morreram.
As informações foram repassadas pelo advogado da família, Ricardo Handro. Segundo ele, o crime aconteceu por volta de meia-noite. Os dois homens que invadiram a casa estavam transtornados e aparentemente drogados, contou Handro.
De acordo com o advogado, no momento do crime, o cartunista descansava em casa com a família. A esposa, Beatriz Galvão, está em estado de choque, disse o advogado.
Ninguém foi preso até o momento. A polícia investiga a participação de uma terceira pessoa na ação. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), uma testemunha reconheceu um dos autores dos disparos, e a polícia agora procura o suspeito.
O caso foi registrado no 1° DP de Osasco. Os corpos do cartunista e do filho já foram liberados pelo IML da cidade. Handro, que era amigo de Glauco há 15 anos, afirmou que o enterro ocorrerá no cemitério Gethsêmani Anhanguera, na vila Sulina, em São Paulo. O horário ainda não foi definido.
Glauco era padrinho fundador da igreja Céu de Maria. Familiares e amigos vão velar o cartunista e seu filho nesta igreja, da doutrina do Santo Daime, a partir das 13h. Segundo o advogado, a família pede que o velório seja reservado.
Perfil
Glauco é conhecido por suas charges publicadas desde 1977 no jornal Folha de S.Paulo. Criador de personagens como Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge, Geraldinho e Geraldão, seu ingresso no jornalismo se deu nos anos 70, graças ao jornalista Hamilton Ribeiro, que dirigia o “Diário da Manhã”, em Ribeirão Preto, e tirou o paranaense da fila do vestibular para Engenharia.
Alguns anos mais tarde, em 1976, a premiação no Salão de Humor de Piracicaba abriu as portas do jovem cartunista para a grande imprensa. Em 1977, Glauco começou a publicar suas tiras esporadicamente na Folha de S. Paulo. A partir de 1984, quando a Folha dedicou espaço diário à nova geração de cartunistas brasileiros, Glauco passou a publicar suas charges periodicamente.