Sempre que for comprar alimentos refrigerados nos supermercados, o consumidor deve ficar atento para não levar para casa produto em processo de deterioração por falta de armazenamento em temperatura adequada. Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), em parceria com a Pro Teste – Associação de Consumidores, revelou que 71% dos produtos são conservados em temperatura acima do ideal, o que favorece multiplicação dos microrganismos nos alimentos. Isto representa um risco para a saúde do consumidor.

A pesquisa foi realizada em cinco super e hipermercados localizados em três cidades do litoral de São Paulo (Guarujá, Praia Grande e Santos. Os técnicos dos dois institutos verificaram as condições de armazenamento de produtos resfriados, de acordo com dois parâmetros: temperatura e análises microbiológicas.

O superintendente do Ipem-SP, Fabiano Marques de Paula, afirma a análise foi feita pelos técnicos do Centro Tecnológico do instituto. “O resultado é alarmante. Esperamos que a Anvisa, órgão responsável por esse controle, tome medidas para evitar que o consumidor seja prejudicado, na saúde e no bolso”, afirma.

Numa situação ideal, para ter certeza que o produto está sendo armazenado de forma segura, o consumidor deveria ler no rótulo do produto a temperatura máxima de conservação informada pelo fabricante e comparar com a temperatura do termômetro do balcão frigorífico. No entanto, de acordo com os resultados do teste, boa parte dos produtos embalados pelo próprio supermercado, não traz em seu rótulo a recomendação de temperatura. Além disso, a temperatura do termômetro externo dos balcões não condiz com a temperatura real dos equipamentos.

Na análise das temperaturas internas dos alimentos isoladamente, foi observado que 96% dos produtos apresentam algum tipo de risco microbiológico por se encontrarem com temperaturas que variam de 6,5ºC (bife de patinho do Carrefour, Santos – onde a temperatura recomendada pelo fabricante é de 4ºC) a 20,9ºC (prato pronto para consumo a base de maionese e legumes do Extra, Praia Grande).

Todos os estabelecimentos visitados apresentaram não-conformidades em pelo menos um dos itens levados em conta na análise. Na parte microbiológica 88% dos alimentos analisados tiveram resultado positivo para bolores e leveduras e 76% para coliformes totais.

A contaminação por bolores e leveduras está relacionada, principalmente, a problemas na conservação e armazenamento do produto. A contagem das bactérias do grupo dos coliformes totais é utilizada para avaliar as condições higiênicas de processamento e armazenamento (contaminação pós-processamento, higienização deficiente, tratamentos térmicos ineficientes ou multiplicação durante o processamento e estocagem). A presença de coliformes fecais indica que, de maneira direta ou indireta, material fecal entrou em contato com os alimentos.

A coordenadora institucional da Pro Teste, Maria Inês Dolci, observa que os resultados refletem a situação dos estabelecimentos apenas no período em que as análises foram conduzidas. No entanto, o teste é um alerta. A temperatura de conservação dos produtos deve ser indicada em todos os rótulos, mesmo aqueles de produtos fabricados, fracionados ou embalados no próprio estabelecimento. Essa é uma informação importante também para guardar de forma correta os alimentos.