A operação-padrão dos servidores do Ministério do Trabalho, no Rio de Janeiro, há mais de quatro meses em greve, está causando problemas para quem precisa de serviços como o pedido do seguro-desemprego, emissão de carteira de trabalho e de registro profissional.
Há relatos de pessoas que passam a madrugada em filas para conseguir uma senha de atendimento nos postos do ministério. Flávio Pereira dos Santos, que foi demitido de sua empresa por redução de funcionários, tentou hoje (24), pela quinta vez, dar entrada no seguro-desemprego. Morador do bairro Édson Passos de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ele disse que chegou às 6h na posto-sede do ministério, no centro, e, às 10h40, ainda não havia sido atendido.
“Peguei a senha 65 das 200 distribuídas. Tinha três pessoas atendendo, em 14 computadores, e agora tem uns seis. Já passei a madrugada aqui tentando ser atendido. Você tem de sofrer para receber o seu benefício”, disse Flávio.
A Superintendente Regional do Trabalho, Silvana Pereira Santos, admite que os serviços de emissão de carteira de trabalho, registro profissional e seguro-desemprego estão prejudicados, mas afirma que ninguém sai sem atendimento. De acordo com ela, há uma proposta, no nível estadual, de redução da carga de atendimento e, agora, o sindicato deve se manifestar pelo fim ou não do movimento.
“A população fica afetada, mas os servidores têm o direito de greve e a gente não pode reprimir. As pessoas não ficam sem atendimento, são encaminhadas para outras agências que não estão em greve, no estado. Temos dez agências no município, fora as outras gerências que contemplam outras agências”, afirmou a superintendente.
Segundo o secretário de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev/RJ), Júlio Tavares, a discussão no Rio está focada na redução para 30 horas semanais de trabalho.
“Temos 99% de chance de acabarmos com a greve ainda nessa semana, aqui no Rio de Janeiro, por conta do ajuste das 30 horas. Estamos negociando a carga horária em separado. Com isso, melhora, inclusive, as condições de atendimento à população. Queremos abrir também o debate, no Rio, sobre a precarização. Temos várias agências nos municípios do Rio em péssimas condições para o atendimento”, destacou o sindicalista.
O Ministério do Trabalho informou, por meio de sua assessoria, que “cumpriu ou negociou todas as questões da pauta de greve, exceto o plano de carreira, pois a competência para tanto é do Ministério do Planejamento. Há determinação judicial para que os servidores grevistas mantenham os serviços básicos de requerimento de seguro-desemprego e emissão de carteira de trabalho. Os postos de parceiros do ministério nos municípios estão atendendo normalmente.”