Uma operação com objetivo de combater a violência entre as torcidas organizadas de clubes de futebol do Rio de Janeiro está cumprindo 19 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão. Até agora oito pessoas foram presas, entre elas um soldado de Batalhão de Choque da Polícia Militar Luiz Carlos Barbosa Júnior. De acordo com o delegado Luiz Antônio Ferreira, outros policiais estão envolvidos.
“A investigação demonstra que alguns policiais eram responsáveis por fazer o transporte e a segurança deles [torcedores] e muitas das vezes atuar como forma de revide às agressões que eram sofridas. Quando eles não podiam fazer, eles se utilizariam dos policiais”, disse.
A Operação Holligans (referência a violentos torcedores ingleses) começou há três meses com um processo investigativo envolvendo policiais civis de delegacias distritais e especializadas. Cerca de 160 agentes atuaram na capital fluminense, em Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, na região metropolitana. As investigações deverão se estender também aos municípios da Baixada Fluminense, entre eles, Nova Iguaçu.
Ferreira disse que já foram foram cumpridos 12 mandados de prisão. Foram presos, além do policial militar, os principais líderes das torcidas organizadas do Vasco, André Silva Nogueira, e do Flamengo, Jorge Roberto Dalles. E também Luan Rosa da Silva, filho da secretária municipal de Educação de Itaboraí, Rosana Rosa da Silva. Todos responderão por homicídio, tentativa de homicídio, dano qualificado, lesão corporal, rixa (briga comum), formação de quadrilha, porte ilegal e posse irregular de armas.
O delegado também afirmou que já apreendeu nas buscas feitas até agora notebooks e celulares e espera identificar a participação de mais membros das torcidas que divulgavam fotos, faziam provocações em sites de relacionamentos e promoviam festas, onde havia distribuição facilitada de ingressos para os jogos e a marcação dos confrontos com torcidas rivais. Ele mostrou ainda camisas com símbolos de facções terroristas e imagens que incitam a violência.
Ferreira disse ainda que os torcedores usavam as cores dos clubes apenas como disfarce para promover arruaças e outros crimes, como a de explorar jogos ilegais, o que ficou provado com apreensão de oito máquinas caça-niqueis num bar da torcida do Vasco, em São Gonçalo.
O chefe da Polícia Civil, Alan Turnowski, anunciou que o governo fluminense já aprovou a criação de uma delegacia especializada para apuração de crimes com base no Estatuto do Torcedor e que está aguardando apenas a definição de suas atribuições.