A aposentada Eunice Martins, de 59 anos, deu à luz sua própria neta, Alice, gerada para a filha. A cesariana ocorreu hoje na Maternidade Sinhá Junqueira, em Ribeirão Preto, cidade do interior paulista, após 36 semanas de gestação. A filha Tatiana Cristina Andrade não podia engravidar pois perdeu o útero numa cirurgia. Tatiana fez fertilização in vitro com óvulos da filha e espermatozoides do genro, Guido Damiano. Esse seria o primeiro caso de “avó de aluguel” da região.
Essa gravidez foi a terceira tentativa nos últimos dois anos. Alice nasceu pesando 2,285 quilos e medindo 45 centímetros. A criança ficará internada 48 horas, em observação. Depois de um mês, filha e pais biológicos vão para a Itália, onde moram Tatiana e Guido.
“Estou muito emocionada”, disse a esteticista Tatiana, de 32 anos, poucos minutos antes do parto, que ela acompanhou. “É maravilhoso, só uma mãe faz isso. Minha mãe me deu à vida duas vezes, quando eu nasci e agora com a minha filha”, afirmou ela, ao lado do marido. Tatiana aproveitou a oportunidade para incentivar mulheres a não desistirem do sonho da maternidade, mas que sejam prudentes, pois nem sempre dá certo. “Nada na vida é impossível, não pode desistir.”
Para gerar a própria neta, Eunice fez exames durante um ano e, após a aprovação médica para a gravidez, foram feitas três tentativas. Não houve fecundação na primeira vez. Na segunda, ela engravidou de gêmeos, mas a gestação não chegou ao fim. E, na última, Alice nasceu.
Damiano, de 41 anos, preferiu não assistir ao parto. “É a primeira neta dela e ela fala que é avó, não tem o apego de mãe”, contou Tatiana. “Minha filha não mexia, foi só eu chegar e ela começou a mexer”, disse a esteticista. O casal acompanhou a gestação pela internet e há um mês chegou ao Brasil para acompanhar o parto. A cidade italiana onde moram não foi divulgada.
O ginecologista e obstetra Fernando Marcos Gomes afirmou que a decisão da cesariana foi da própria Eunice, que não se sentiu segura para parto natural. “Foi uma decisão dela e respeitamos”, explicou. Como Eunice, que teve três filhos, sentia várias dores nos membros inferiores, o parto foi antecipado em pelo menos duas semanas – a gestação normal dura entre 38 e 42 semanas.
A gravidez é considerada de alto risco, principalmente pela idade de Eunice. Como já havia passado pela menopausa, Eunice passou por estimulação hormonal para que seu corpo ficasse apto a receber o embrião da neta. Tatiana, a mãe biológica, também recebeu estímulos de hormônios para, se possível, amamentar a própria filha.