A Comissão Legislativa chilena que investiga o acidente dos 33 mineiros resgatados após ficarem mais de dois meses presos no subterrâneo incluirá em suas pesquisas a denúncia de que um dos trabalhadores alertou para o risco de deslizamento, mas não foi escutado pelos responsáveis da mina. O anúncio foi feito pelo deputado Carlos Vilches, membro da comissão. Ao mesmo tempo, centenas de pessoas paravam para ver a cápsula usada no resgate, posta em exibição na praça em frente ao palácio presidencial.
Vilches informou que o mineiro Juan Illanes, um dos resgatados, confessou a ele que, cerca de três horas antes do deslizamento, em 5 de agosto, foram notados fortes ruídos e foi pedida autorização para se deixar a mina. O pedido foi negado. Vilches é deputado por Copiapó, cidade a 50 quilômetros de onde fica a mina San José, e disse que convocará Illanes e outros mineiros para testemunhar. Em julho, havia ocorrido outro deslizamento na mesma mina.
Os dois donos da empresa, mais dois chefes da mina, são processados por suposta responsabilidade nesse acidente, que acabou com o mineiro Gino Cortéz perdendo uma perna, um mês antes do acidente que deixou presos por 69 dias os mineiros. “É simplesmente inconcebível que frente à advertência dos mineiros não se tenham tomado as medidas para evitar o acidente e que eles estivessem na mina quando houve o deslizamento”, disse o ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, que liderou a cerimônia na qual começou a ser exibida frente à sede do governo, o La Moneda, a cápsula chamada Fênix 2.
Enquanto isso, alguns dos mineiros começavam a desfrutar dos favores e convites recebidos. Um empresário deu US$ 10 mil para cada um deles e convidou o grupo para uma refeição hoje. Quatro deles viajarão até a Espanha, para participar de um programa de televisão. Todos os 33 receberam ainda outros convites de viagens, como um passeio pelas ilhas gregas, além de partidas de futebol do Real Madrid e do Manchester United.
O primeiro a partir do Chile foi o jovem boliviano Carlos Mamami, que ontem esteve em La Paz com o presidente Evo Morales. Mamami anunciou que pretende voltar a trabalhar em seu país, aproveitando as ofertas oficiais de trabalho recebidas.