Um policial militar de Santa Catarina sobreviveu a cerca de 4.000 picadas de abelhas. Ele foi atacado durante uma operação realizada na última terça-feira em um morro da capital catarinense.
O caso é raro. Em geral, 500 picadas já são suficientes para levar adultos jovens à morte, e a maioria não resiste a mais de 2.000.
Segundo médicos ouvidos pela Folha, o atendimento rápido salvou Adalberto Antônio da Silva, 33, mas a sorte e o fato de não ter gritado também o ajudaram.
“Ele fechou a boca e não gritou por socorro. Crianças e adultos despreparados gritam, aí as abelhas picam a garganta”, afirma Adriana Mello Barotto, coordenadora clínica do Centro de Informação Toxicológica do Estado.
Segundo a médica, quando as abelhas picam a garganta, a região pode inchar, o que acelera o quadro de insuficiência respiratória.
Silva conseguiu escapar porque se arrastou para o lado de seus colegas. Em menos de 30 minutos, foi levado ao Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, onde permanece internado.
“Ele está inchado, mas não sente dor e está lúcido e conversando”, diz Barotto.
Segundo a médica, foram contabilizadas 3.820 picadas, principalmente nos membros e na cabeça de Silva, mas o número pode ser maior devido à dificuldade de ver o couro cabeludo.
Em casos semelhantes, a pessoa costuma morrer por insuficiência respiratória –desencadeada por espasmos da laringe e dos brônquios– ou insuficiência renal, diz Christina Gallafrio Novaes, médica infectologista do Instituto Butantan.
“Pessoas alérgicas precisam de atendimento mais rápido ainda porque, com uma só picada, podem ter essas reações”, diz.
Ao picar uma pessoa, a abelha libera ferormônios que chamam outras. Por isso, o indicado nessas situações é correr em zigue-zague em direção a água ou a pessoas que possam prestar socorro.
Em 2009, 6.732 pessoas foram picadas por abelhas no país, segundo o Datasus.