O setor de avicultura da Unesp Dracena, inaugurado em abril deste ano, entrou em atividade com a primeira pesquisa no galpão de frangos de corte. A professora e orientadora do projeto, doutora Valquíria Cação da Cruz, explicou que o objetivo do trabalho é estudar os benefícios da inclusão do farelo de acerola em substituição ao milho na alimentação de frangos de corte.

Para isso, cerca de mil aves foram divididas em quatro grupos recebendo tratamentos distintos: sem inclusão de farelo de acerola, com 5%, 10% e 15% de farelo de acerola em substituição ao milho.

A proposta é verificar o desempenho (consumo, ganho de peso, conversão alimentar), além de analisar se a acerola diminui o colesterol e triglicerídeos plasmáticos, e ainda verificar, por meio do estudo da morfometria intestinal (altura e largura de vilosidades intestinais – locais em que ocorrem digestão e absorção de nutrientes), se há um aumento destas estruturas beneficiando estes processos de aproveitamento de nutrientes.

A professora doutora Valquíria, que ministra disciplinas nas áreas de Nutrição e alimentação de não ruminantes, Avicultura, Processamento de rações e Formulação de dietas, disse que houve um estudo preliminar na Unesp de Botucatu para determinar o valor calórico (energia) do farelo de acerola, a partir do qual foi possível formular as dietas.

Participam da pesquisa 12 alunos que integram o Nuclem – Núcleo de Estudos de Monogástricos da Unesp Dracena, que se reúnem a cada 15 dias.

O projeto é apoiado pela Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, com auxílio financeiro e bolsa para o aluno de iniciação científica e ainda, pela Fruteza, que fornece o farelo de acerola. O bolsista do projeto é o aluno Leonardo Henrique Zanetti, do 8º período de Zootecnia.

Ele disse que outro estudo similar já foi realizado, no entanto, este é mais aprofundado, testando vários níveis de inclusão do farelo de acerola com sete repetições de cada tratamento (nível), o que apresentará resultado mais confiável. O experimento também visa contribuir para baratear o custo de produção de frangos de corte, trazendo ainda benefícios ao meio ambiente com o reaproveitando de um produto antes descartado na natureza.

O galpão onde ficam as aves é diferenciado, coberto com telha de alumínio e uma camada interna de isopor, que proporciona melhor conforto térmico aos animais. Leonardo explica que a temperatura ideal para esta idade é de 24ºC, mas à tarde são registrados de 36ºC até 45ºC no local. A temperatura do aviário é medida todos os dias.

As aves receberão a ração por 42 dias, quando será feito o abate para análise. O projeto começou no dia 9 de novembro e terminará hoje (21). A primeira análise de sangue e intestino foi realizada aos 21 dias de idade, em sete aves de cada grupo. Apesar do calor, as aves Cobb estão dentro do peso estipulado pelas tabelas da linhagem.

CODORNAS – No setor de avicultura, a Unesp Dracena também desenvolve experimento com codornas japonesas suplementadas com cromo, selênio e zinco quelatados (minerais orgânicos). A professora Valquíria explica que os minerais orgânicos são melhores aproveitados pelas aves do que os minerais comuns e sua utilização tende a melhorar o desempenho das aves e a vida útil dos ovos, reduzindo a excreção dos microminerais e, consequentemente, não poluindo o ambiente.

O objetivo da pesquisa é avaliar a qualidade interna e externa dos ovos e o desempenho na postura de codornas submetidas a estresse térmico, além de analisar a ‘vida de prateleira’ destes ovos, testando a duração deles em temperatura ambiente e na geladeira. Os ovos serão armazenados em embalagens de plástico, isopor e papelão – na geladeira e fora dela – por 5, 10, 15 e 20 dias.

Após estes períodos será efetuada a avaliação da qualidade interna e externa desses ovos.

O projeto terá duração de quatro meses. São utilizadas 200 codornas, divididas em 40 gaiolas que recebem cinco tratamentos diferentes, variando apenas o nível de selênio: 0,25 ppm; 0,50 ppm; 0,75 ppm e 1 ppm. O nível de cromo é de 0,5 ppm e o de zinco, 60 ppm. A professora Valquíria explicou que o cromo ameniza o efeito negativo do estresse calórico nas aves; o selênio, um antioxidante, ajuda no antienvelhecimento das células e o zinco, importante para a imunidade do animal.

Os minerais são financiados pela empresa Alltech do Brasil e o projeto conta com apoio financeiro da Fapesp.

A bolsista deste trabalho é a aluna Larissa Carrion Carvalho, do 6º período de Zootecnia. Ela disse que apesar do clima mais quente da região e das codornas excretarem mais devido ao calor, as aves estão se adaptando bem. A temperatura ideal para as codornas seria de 22ºC, no entanto nestes últimos dias está alcançando 45ºC. A linhagem delas é Coturnix coturnix japonica, bastante adaptada ao Brasil, além de possuir maior persistência de postura.