Hoje é a véspera de Natal. Muitas famílias devem estar ocupadas com os preparativos para a Ceia Natalina. Nessa época, as pessoas se reúnem para confraternizar, agradecer e comemorar as conquistas obtidas durante o ano. Neste ano, o feriado cristão de 25 de dezembro terá um valor mais que especial para as 113 famílias do conjunto habitacional Paulo Vendramini 2. Pela primeira vez, homens e mulheres, que se inscreveram em 2000, trabalharam em sistema de mutirão e foram sorteados, passarão o Natal na casa própria.

Com um sorriso no rosto, a mutirante Sônia Maria de Lucas recepcionou a reportagem na porta de sua casa. No local, também moram a mãe Rosalina, a filha Débora e o neto Caíque. O filho Diego é casado e não reside com a família. Sônia só conseguiu realizar o sonho de morar na casa própria aos 50 anos. “Só numa casa alugada morei por 17 anos”, diz. Até conquistar um lugar para chamar de lar, sem ter que se preocupar com o pagamento do aluguel no final do mês, a caminhada foi longa para não dizer árdua.

A história do conjunto habitacional Paulo Vendramini II começa em 2000, quando é fundada a Associação de Moradores. As casas começaram a ser construídas em sistema de mutirão, utilizando a mão-de-obra dos próprios mutirantes.

Com uma rotina de trabalho, que exige esforço físico diário, Sônia trabalha na roça e faz faxina, durante dois anos ela não soube o que significava a palavra descanso. Aos finais de semana, ela se juntava aos outros mutirantes. “Mutirão é aquela coisa, todo mundo ajuda”, explica. Ela conta que carregava carriola com concreto e cimento, ajudava no rejunte, na pintura, a colocar os tanques de lavar roupas, na limpeza capinando os terrenos e plantando grama.

A diarista que já trabalhou em lavouras de café, acerola, algodão, amendoim e cana-de-açúcar, ainda encontra tempo para fazer crochê, destaca o trabalho de todos os envolvidos nas construções das casas, principalmente de algumas mulheres, que segundo ela, chegaram a descarregar lajotas e telhas dos caminhões.

Há dois meses morando no novo endereço, após 10 anos de angústia pela resolução do impasse do conjunto habitacional e de uma vida de trabalho, esperança e espera, o primeiro Natal em família na casa própria chegou.

E o medo de não ter onde morar na velhice e a preocupação de ter um lugar fixo para abrigar e cuidar de dona Rosalina, que já tem 93 anos foram embora. “Estou muito feliz. Ainda não sei se meus irmãos irão vir para Dracena, mas mesmo a casa sendo pequena, a gente se acomoda e cabe todo mundo. O importante é estarmos na nossa casa. Agradeço muito a Deus, costumo dizer que essa casa não é minha é dele, que me emprestou”, considera.