A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) será multada mais uma vez por causa de nova emissão, no último fim de semana, de grande quantidade de pó metálico. Segundo denúncias de moradores, a fuligem se espalhou pelo ar e atingiu casas da região. A “chuva prata” assustou a população.
De acordo com a secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, o valor da multa ainda não foi estipulado, mas deve ser agravado por causa da reincidência. Em agosto, a companhia já tinha sido multada em R$ 1,8 milhão após problemas com um dos alto-fornos da siderúrgica, que também gerou emissão de fuligem na atmosfera.
“Desta vez, o problema foi em extensão menor, mas a empresa vai receber nova multa, agravada pela reincidência e pelo fato de não terem nos comunicado imediatamente a existência do problema. A situação foi normalizada na tarde de ontem e resolvido o problema do despejamento de ferro-gusa no poço de emergência, que é o que gera essa chuva de pó prata na comunidade do entorno”, disse.
A secretária explicou que por causa de um defeito em um guindaste da aciaria, unidade que processa o ferro-gusa que sai dos fornos, foi necessária a utilização, até o meio-dia de ontem (26), do poço de emergência para despejamento do produto, de onde teriam partido as emissões. Para Marilene Ramos, isso mostra a necessidade de adequações na usina, sem as quais não será emitida a licença de funcionamento. Atualmente, a companhia conta apenas com uma licença de pré-operação, fase em que todos os equipamentos e processos são testados.
“Esse poço, apesar de estar construído com barreiras de proteção, vai ter que receber melhorias para que, quando eventualmente for usado, não cause problemas à comunidade. Nessas condições a empresa não vai receber a licença, prevista para fevereiro”, acrescentou a secretária, informando, também, que está convocando acionistas da CSA para uma reunião nos próximos dias com o objetivo de alertá-los sobre os riscos gerados pelos problemas ambientais.
A secretária do Ambiente disse ainda que as análises realizadas ontem por técnicos da pasta demonstram que as emissões desse fim de semana não são tóxicas, mas podem causar reações alérgicas.
O agente de saúde Rogério da Silva, que mora na comunidade João XXIII, próxima à usina, disse que ficou assustado com a nova onda de fuligem.
“As roupas no varal ficaram sujas com o pó prateado. Isso nos deixa muito apreensivos porque pode causar problema de pele ou problemas respiratórios sérios. Aqui na comunidade tem muitas crianças e idosos e eles são os que sentem logo tudo isso”, afirmou.
Os problemas ambientais ligados à CSA também são alvo de uma ação que corre na 2ª Vara Criminal, em Santa Cruz. No início do mês, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ofereceu denúncia à Justiça contra a empresa e dois de seus executivos. Entre os crimes mais graves, de acordo com o promotor de Justiça Daniel Lima Ribeiro, estão o derramamento de ferro-gusa em poços ao ar livre, de maneira e em intensidade diferentes do que previam os relatórios e projetos apresentados ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e sem qualquer controle das emissões.
A ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) informou, em nota, que um defeito em um guindaste da aciaria levou ao descarte de ferro gusa nos poços de emergência licenciados para esse fim.
Segundo a siderúrgica, no dia 26, em que houve o problema, ventava forte e a poeira de grafite foi arrastada para as comunidades vizinhas. A empresa informa que o problema foi corrigido. “As estações de monitoramento de qualidade do ar indicam ainda que não houve, durante toda a duração do episódio, qualquer violação dos padrões legais”, diz a empresa, na nota.