A maranhense Elinalra Nascimento dos Santos, que na noite da véspera do Natal atirou no quintal do vizinho, por cima de um muro de dois metros de altura, o filho que acabara de nascer, será indiciada em inquérito policial por abandono de incapaz, lesão corporal e tentativa de homicídio. A mãe afirmou estar arrependida da crueldade contra o filho. Ela está internada na Santa Casa de Misericórdia do Pará, onde também se encontra o bebê, e passa por acompanhamento psicológico.
O bebê, um menino, apresenta escoriações pelo corpo e na cabeça. Ele deixou ontem da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi transferido para a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Os médicos do hospital informaram que o estado de saúde da criança é estável. Ela deve ficar em observação nos próximos treze dias, tomando antibióticos.
Foi um vizinho de Elinalra quem ouviu o choro do menino por volta das 8h30 da manhã de sábado. Ele acionou o Serviço Móvel de Urgência e Emergência (Samu), que levou a criança para o hospital. O conselheiro tutelar Abner Lopes disse que o menino ficará sob a proteção do Estado, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“Depois que ele receber todos os cuidados de saúde é que vamos ver a possibilidade de retorno para a mãe, ou para a família, ou mesmo para adoção por outra família. É o Juizado da Infância quem vai decidir isso”, explicou Lopes.
Elinalra contou às assistentes sociais da Santa Casa que temia ser rejeitada pela mãe, que mora no Maranhão, porque havia sido advertida para não engravidar em Belém, para onde veio trabalhar como babá na casa da filha de uma tia. Para evitar problemas, escondeu a gravidez até a hora do parto.
“Esperei que todos saíssem de casa e fiz o próprio parto. Cortei o cordão umbilical e em seguida embrulhei o bebê em um saco plástico e o joguei por cima do muro. Não queria ficar com ele, mas agora é o que mais desejo”, disse. O delegado Glauco Nascimento afirmou que não descarta a possibilidade de pedir a prisão da mãe. “Foi um gesto de extrema crueldade”, disse.