O Ministério das Relações Exteriores confirmou hoje (12) que dois navios de bandeira inglesa não receberam autorização para uma parada obrigatória no porto do Rio de Janeiro, no final de dezembro de 2010. A rejeição ao pedido se baseou em um acordo que o Brasil mantém com a Argentina, que proíbe o apoio a embarcações e aeronaves oriundas do Reino Unidos e que se destinam à exploração de bens naturais nas Ilhas Malvinas.
A decisão foi informada ao governo do Reino Unido, segundo diplomatas, por uma comunicação. Nela, o Itamaraty diz que o veto aos navios Clyde e Glowcester seguiu a orientação de acordos diplomáticos firmados entre vários países latino-americanos e a Argentina.
Em 3 de agosto de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma declaração, ao lado da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, na qual o Brasil se compromete a reconhecer que não só as Ilhas Malvinas, mas também Geórgia do Sul e Sanduich do Sul pertencem aos argentinos.
Com isso, o governo brasileiro se prontifica a impedir que os navios façam a chamada “visita operativa” ou parada obrigatória em portos nacionais, exceto em situações específicas. Os casos que serão autorizados merecerão análise detalhada e não poderão ser incluídos na relação de navios que se destinam às Malvinas e levam carregamento para exploração de recursos naturais.
Em junho de 2010, o governo Kirchner apelou à Organização dos Estados Americanos (OEA) para comandar a retomada das negociações entre Argentina e Reino Unido sobre a soberania das Malvinas. O pedido ocorreu em meio a tensões, pois o governo argentino havia fixado uma lei vetando atividades de empresas estrangeiras, sem permissão oficial, na região das ilhas.
Desde o século 19, a Argentina e a Inglaterra disputam o controle sobre as Ilhas Malvinas. As ilhas estão sob comando inglês desde 1833. Em 1982, houve a Guerra das Malvinas, quando, pelos dados oficiais, morreram 649 soldados argentinos e 255 ingleses, além de moradores das ilhas. Os argentinos saíram derrotados.