A ingestão de carboidratos em excesso pode levar a um risco aumentado de catarata. A conclusão faz parte de um estudo – Dietary Carbohydrate in Relation to Cortical and Nuclear Lens Opacities in the Melbourne Visual Impairment Project – realizado pela Tufts University, publicado no jornal Investigative Ophthalmology and Visual Science.

O carboidrato é a fonte de energia mais importante do corpo humano. Evidências consideráveis ligadas ao metabolismo anormal da glicose já apontavam para o risco do desenvolvimento de diabetes e de catarata. A pesquisa americana buscou compreender como este processo se dá.

Para isto, recrutou 3.271 participantes, com mais 40 anos, e os monitorou entre 1992 e 1994. Foram realizados exames oftalmológicos e o mapeamento de possíveis fatores de risco para a catarata.

Cinco anos mais tarde, todos os participantes foram convidados a retornar aos locais de teste para exames de acompanhamento. Os exames envolveram o mesmo protocolo utilizado na primeira fase, além de um questionário sobre dados alimentares.

Contando os carboidratos da dieta
Após a segunda fase do estudo, os pesquisadores encontraram o diagnóstico de 197 casos de catarata cortical pura, 366 casos de catarata nuclear pura, e 2.385 olhos, sem qualquer tipo de catarata.

Considerando as informações dietéticas do questionário respondido pelos participantes, os pesquisadores estabeleceram uma conexão entre o desenvolvimento da catarata cortical e o consumo de carboidratos.

“A exposição prolongada ao excesso de glicose pode resultar em oxidação, cross-linking, agregação e precipitação das proteínas do cristalino, que modificado, leva ao aparecimento da catarata”, explica o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

O maior número de casos de catarata cortical está ligado diretamente ao maior consumo de carboidratos, pois as ressonâncias nucleares magnéticas indicam que as concentrações de glicose permanecem maior no córtex do que no núcleo.

Um fator de risco modificável
A partir do estudo é possível que os oftalmologistas percebam uma conexão entre a dieta de seu paciente e o aparecimento da catarata. “A ingestão de carboidratos é um fator de risco modificável para a prevenção da catarata.

Além de outros fatores de risco, como o tabagismo, por exemplo, os oftalmologistas devem considerar que uma dieta rica em carboidratos pode representar um risco para o surgimento da doença”, destaca o oftalmologista Juan Caballero, que também integra o corpo clínico do IMO.

“Outros estudos estão sendo realizados no sentido de mostrar que o excesso de carboidratos também é fator de risco modificável para a DMRI, degeneração macular relacionada à idade”, diz Juan Caballero.