A família do designer Henrique de Carvalho Pereira, agredido em dezembro de 2009 com um taco de beisebol, na Livraria Cultura, na Avenida Paulista, em São Paulo, ficou surpresa com a decisão da Justiça de considerar o agressor, o personal trainer Alessandre Fernando Aleixo, inimputável. A decisão da juíza Carla de Oliveira Pinto Ferrari, da 1ª Vara do Júri de São Paulo, foi tomada na segunda-feira (28), segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em sua sentença, a juíza determinou ainda a aplicação de “medida de segurança consistente em internação em hospital de custódia pelo prazo mínimo de um ano, até que seja constatada a cessação de sua periculosidade”.
A agressão ocorreu no dia 21 de dezembro de 2009. O designer só viria a falecer dez meses depois, em 22 de outubro do ano passado. O laudo pericial concluiu que o réu é portador de transtorno delirante persistente, o que o torna totalmente incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta e de se determinar segundo esse entendimento.
“Acabei de falar com a Silvania (mãe de Henrique). Estamos chocados. Achávamos que iríamos contar com a justiça”, disse Cláudia de Carvalho Aguiar, tia de Henrique Pereira, ao G1. “A família está indignada. Acredito que não foi feita justiça. No mínimo, teria que falar: ele (o agressor) tem problema, mas vamos fazer justiça”, completou.
Para ela, a decisão da Justiça deverá contribuir para que atos deste tipo “virem moda”. “É a minha opinião. No domingo, em Porto Alegre, o motorista atropelou vários ciclistas. Ele constitui um advogado e alega qualquer coisa, já que não pode produzir prova contra si mesmo e não vai preso. O cara é considerado louco e está tudo bem”, ilustrou.
Segundo ela, a família não quis contratar um advogado para acompanhar o andamento do processo contra o agressor. “Nossa energia estava toda concentrada para que ele (Henrique) melhorasse”, explicou.
Apesar do inconformismo com a decisão, a família deverá aceitar a posição da Justiça com resignação, de acordo com Cláudia. “Meu cunhado (Elifas, pai de Henrique) me disse que teremos de lidar com isso como se fosse uma fatalidade, porque senão vamos enlouquecer”, disse.
Na internet, a mãe e a tia tentam, de algum modo, não deixar que a violência contra Henrique não caia no esquecimento. “Ninguém mais escreve ou fala sobre o assunto. Só nós, em nossas páginas pessoais, escrevemos sobre a saudades que sentimos do Henrique, um rapaz que saiu de casa, que iria receber o seu primeiro cachê por um trabalho, que entrou em uma livraria e que foi agredido com uma paulada na cabeça. A dor será da família Carvalho Pereira”, desabafou.