Além do conflito entre oposicionistas e forças leais ao presidente da Líbia, Muammar Khadafi, o país enfrenta outro embate: o da discriminação a africanos, incluindo crimes como estupro e ataques a crianças. O alerta foi dado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Desde o começo dos protestos contra o governo Khadafi, cerca de 212 mil imigrantes deixaram a Líbia, a maioria oriunda da Tunísia, do Egito, da Nigéria, China, do Paquistão, entre outros.
As informações são das Nações Unidas. O porta-voz do Acnur, Adrian Edwards, apelou para que a comunidade internacional ajude os refugiados e imigrantes da África Subsaariana – onde vive a população predominantemente negra e cerca de 500 milhões de pessoas.
Segundo Edwards, anteontem (7), refugiados sudaneses que chegaram à fronteira da Líbia com o Egito foram recebidos por homens armados, que os obrigaram a recuar. De acordo com ele, uma menina, de 12 anos, disse ter sido estuprada.
“Eles relataram que muitas pessoas tiveram seus documentos confiscados ou destruídos. Ouvimos relatos semelhantes de um grupo de refugiados do Chade, que fugiam de Benghazi, Al Bayda e Brega [cidades da Líbia], nos últimos dias”, afirmou Edwards.
Em Nova York, o Conselho de Segurança das Nações Unidas discutiu ontem a possibilidade de impor uma zona de exclusão aérea. O assunto ainda não tem consenso, mas norte-americanos, franceses e ingleses são favoráveis à proposta.
O alto comissário da Acnur, Antonio Guterres, esteve ontem na Tunísia para visitar a área de fronteira com a Líbia e conversar com as pessoas que estão na região. Há relatos de que os cerca de 3,5 mil imigrantes de Bangladesh enfrentam dificuldades para deixar a Líbia e aguardam há dez dias autorização para sair do país.
Paralelamente, um comboio de caminhões do Programa Alimentar Mundial (PAM) está na Líbia para distribuir comida às vítimas dos conflitos. A distribuição dos alimentos vai se concentrar em Benghazi – cidade considerada capital dos oposicionistas.