O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reconhece que as incertezas do cenário mundial e, em menor escala, também do cenário doméstico, “não permitem identificar com clareza” a durabilidade das pressões inflacionárias recentes. Em vista disso, o colegiado de diretores do BC avalia que “o cenário prospectivo para a inflação não evoluiu favoravelmente”.
É o que diz a ata da reunião que o Copom realizou na semana passada, quando elevou a taxa básica de juros (Selic) de 11,25% para 11,75% ao ano. O documento sinaliza possíveis novos aumentos uma vez que o Copom admite que “prevalece nível de incerteza acima do usual” na economia e identifica “riscos elevados” à concretização de um cenário em que a inflação retorne à trajetória do centro da meta a curto ou médio prazo.
A ata destaca que desde a reunião do Copom, em janeiro, ocorreram fatores externos [levantes políticos no norte da África e no Oriente Médio] que refletiram nos preços de ativos no mercado interno, o que aponta menor reversão do processo inflacionário. Isso, apesar de a equipe econômica do governo ter adotado medidas para o início de um processo de consolidação fiscal.
A ata lembra que no último trimestre de 2010 a inflação foi influenciada pela dinâmica dos preços de alimentos. A isso se somaram efeitos sazonais característicos da inflação nos primeiros meses do ano, como cobranças de impostos, matrículas e material escolar. O Copom pondera, porém, que esses efeitos tendem a diminuir ao longo do ano, com reflexos menores nos últimos meses de 2011.