á é possível ver os reflexos da estiagem nas pastagens da região. O sócio-proprietário do Laticínio Trevizan, Hélio Trevizan explica que a seca influencia na oferta de leite. “De abril a setembro, a tendência é que a produção do leite diminua em até 30%.
A estiagem é o principal motivo para a queda já que o capim seca mais rapidamente com o frio”, diz.
Isto ocorre devido ao sistema extensivo de criação de gado praticado nas pequenas e médias propriedades da região, que consiste em criar animais soltos no pasto.
Hélio conta que o produtor acaba gastando mais para produzir a mesma quantidade de leite, o que encarece o produto.
“Tem que manter o gado no cocho, alimentando com silagem, por exemplo.
De março até agora, o preço do leite ao produtor rural vem sendo reajustado gradativamente, o produtor está recebendo de R$ 0,80 a R$ 0,90 pelo litro do leite”, descreve.
Ele considera que os valores praticados agora deveriam ocorrer o ano todo.
“Nessa época, é que o preço chega a um valor ideal para que o produtor tenha condições de produzir sem ficar no prejuízo”, avalia.
Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Leite, o aumento nos custos de produção não deve causar grande impacto nos preços ao consumidor uma vez que o produtor não repassa integralmente os custos ao consumidor e boa parte deles está sendo absorvida pela própria indústria.
Hélio tem opinião parecida. Para ele, o preço do leite e derivados para o consumidor final não sofrerão grande impacto por dois fatores, a baixa do dólar que estimula a importação dos derivados e o fato da produção leiteira no sul do País ser maior no inverno que no verão.
“O gado europeu é mais adaptado ao frio e em sua maioria é criado em confinamento com aveia, alfafa”, relata.
Outro fator a ser levado em conta é que com a chegada das chuvas, a tendência que a situação das pastagens melhore.
No setor há 18 anos, Hélio considera que a produção do leite caiu 70% nos últimos dez anos em nossa região.
As pastagens não perderam espaço apenas para a plantação de cana-de-açúcar, também falta mão-de-obra no campo. “Atualmente, os próprios produtores rurais fazem o trabalho dos retirantes ou caseiros, o leite funciona como mais uma fonte de renda entre as atividades agrícolas da propriedade”, observa.
Aproximadamente 150 produtores de Panorama a Adamantina, Andradina e Brasilândia (MS) fornecem leite para a empresa, o que gera em média um volume de um milhão a um milhão e 200 mil litros por mês.
O caminhão-tanque do laticínio percorre os sítios e chácaras, que também têm tanque refrigerado. O produto é pasteurizado, embalado e é destinado ao programa Viva Leite, penitenciárias e estabelecimentos comerciais. Também são produzidos derivados como queijos e bebidas lácteas.
Hélio destaca os benefícios do leite pasteurizado (de saquinho) em relação ao leite longa vida (de caixinha). “A pasteurização mantém vivos boa parte dos lactobacilos vivos, que ajudam na flora intestinal e prevenção de doenças já o leite longa vida passa pelo processo de esterilização, que elimina os lactobacilos”, revela.
Ainda segundo ele, o consumo do leite no Brasil está abaixo da quantidade consumida pelos norte-americanos e europeus.