O projeto Mario Lago: o Homem do Século 20, que vai comemorar o centenário do artista, será lançado hoje (18), às 15h, na sede do Cordão da Bola Preta, tradicional agremiação carnavalesca do Rio de Janeiro. A programação é tão vasta quanto foram as atividades exercidas pelo artista, nascido em 26 de novembro de 1911 no Rio de Janeiro, cidade onde morou toda a vida e onde faleceu, em 2002, aos 90 anos.
Mario Lago foi ator, compositor, radialista, escritor, autor teatral, frasista, ativista sindical, militante político e boêmio. A história do artista, com biografia, cronologia, álbum de fotos, imagens e registros sonoros, poderá ser acessada a partir de 1º de agosto, quando entra no ar o site /blog oficial do centenário. Todas as ações do projeto estão sendo coordenadas pelo jornalista e ator Mario Lago Filho, um dos cinco filhos de Mario Lago.
Coautor de sambas populares como Ai, que Saudades da Amélia, Atire a Primeira Pedra e Nada Além, Mario Lago ainda deixou composições inéditas. Duas delas farão parte do CD de marchinhas que o Cordão do Boitatá, outro bloco carnavalesco carioca, começa a gravar em agosto, para lançamento em novembro, no dia do centenário, com um grande baile no Bola Preta.
“Uma delas é a única parceria de Lago com Braguinha, Meu Rio, meu Vício, e a outra uma marchinha que ele compôs na década de 1930, com Nelson Barbosa, como hino para o Bola Preta, anterior ao famoso Quem Não Chora Não Mama, que acabou se tornando a música oficial do grupo carnavalesco. “A melodia ficou perdida e está sendo musicada pelo João Roberto Kelly, um dos três maiores compositores de marchinhas do Brasil, ao lado de Lamartine Babo e Braguinha”, diz Mario Lago Filho.
Um segundo CD, este de canções inéditas e poemas musicados, será lançado no próximo ano, encerrando as comemorações do centenário. “Convidamos compositores da nova geração para musicar poemas de Mario Lago, com a idéia de aproximá-lo da juventude, de uma outra realidade musical. Nesse CD, seus parceiros serão nomes como Lenine, Frejat, Arnaldo Antunes, Pedro Luiz, Mart’nália, Jards Macalé e Joyce”, conta Lago Filho.
Na data do centenário, os Correios vão lançar um selo e um carimbo e a Casa da Moeda, uma medalha. A Editora José Olympio, por sua vez, vai lançar o primeiro dos três livros autobiográficos escritos por Lago. “Ele não gostava de dizer que eram autobiografias, e sim reminiscências”, lembra o filho e organizador das comemorações.
Farão parte ainda da programação uma peça inédita, sobre a Revolução dos Alfaiates, na Bahia, com direção de Luiz Fernando Lobo, e uma exposição no Arquivo Nacional, de março a maio do próximo ano. “Na verdade, serão duas mostras, porque em novembro o próprio Arquivo Nacional, que detém todo o acervo digitalizado de Mario Lago, lança uma exposição virtual, antecendo a que será aberta ao público em março”. A exposição virtual poderá ser acessada a partir de 26 de novembro, no portal www.arquivonacional.gov.br.
Mario Lago trabalhou durante mais de 20 anos na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, de onde foi demitido em 1964, juntamente com vários outros colegas vítimas da perseguição política da ditadura militar. Hoje, ele dá nome a um dos estúdios da emissora, no qual são apresentados vários programas e os noticiários produzidos pela redação da Agência Brasil.
“Pensamos em colocar na exposição um rádio antigo, transmitindo novelas e outros programas que ele fez para a Rádio Nacional e que fazem parte do acervo”, adianta Mario Lago Filho.