O governador Geraldo Alckmin (PSDB) descartou a hipótese de suspender, por 45 dias, o reajuste já aplicado das tarifas do transporte coletivo subordinado ao Estado na capital. A negativa foi dada no início desta tarde (13), em entrevista coletiva concedida após solenidade realizada em Santos (72 km de São Paulo).
A proposta de retomar o preço anterior em ônibus municipais de São Paulo e do metrô, por exemplo, foi apresentada hoje pelo MP (Ministério Público) por meio do promotor de habitação e urbanismo da capital, Maurício Lopes. A medida foi anunciada nessa quarta-feira (12), após audiência com representantes das secretarias estadual e municipal de Transportes e do movimento pela redução da tarifa. Em troca, os manifestantes suspenderiam os protestos em vias públicas.
“Não, não”, disse o governador, negando o retorno ao valor antigo da passagem. “Ela [a correção da tarifa] foi menor do que a inflação. Tanto [para] o ônibus da prefeitura de São Paulo quanto [para] o metrô, quanto o trem. Ou seja, se procurou que os ganhos de eficiência e produtividade fossem transferidos ao usuário do sistema”.
Alckmin voltou a afirmar que ” manifestação é livre, legítima, natural, isso não tem nenhum problema. Outra coisa é você fazer depredação de patrimônio público, deixar um rastro de destruição por onde passa, prejudicando o usuário do sistema”. Também reiterou que ” as pessoas devem responder pelos prejuízos causados não ao governo, mas causados ao conjunto da população”.
A violência de parte dos manifestantes e a reação policial aos atos, que se intensificaram nessa quarta, fizeram o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pedir à Polícia Federal que analise as ondas de protestos em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Temos que garantir a liberdade de expressão, mas, em momento algum, abuso e danos ao patrimônio”, declarou Cardozo, na quarta-feira.
Também em Santos, o secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, afirmou que “isto [o diálogo entre os governos federal e estadual, em questões de segurança] faz parte de uma dinâmica natural. Se eles tiverem alguma informação que nos seja útil, eles poderão repassar, será muito bem-vinda”.
Da resposta do governador e do prefeito, que ainda não se manifestou, dependerá os rumos da manifestação prevista para hoje, às 17h, em frente ao Theatro Municipal. Caso a suspensão do reajuste fosse aceito, os manifestantes prometiam um “ato de celebração” qu enão implicaria em distribuição do ato por outros pontos da cidade, como ocorreu em outros três protestos organizados pelo MPL (Movimento Passe Livre).
Em função das depredações registradas nos últimos atos, a Polícia Militar prometeu reforçar a fiscalização hoje com o uso de imagens de câmeras espalhadas pela cidade para identificar e responsabilizar criminalmente eventuais vândalos.
De acordo com o major Marcel Soffner, porta-voz da Polícia Militar de São Paulo, “tudo tem sido documentado e arquivado”. Ele afirma que a corporação filma as operações e utiliza o sistema Olho de Águia, que usa imagens captadas em um helicóptero. A corporação também dispõe de várias câmeras espalhadas pela cidade.
Após quatro horas de debates, o promotor de habitação e urbanismo, Maurício Lopes, se comprometeu a apresentar hoje ao prefeito Fernando Haddad (PT) e ao governador a proposta de suspensão do reajuste das tarifas pelo prazo de 45 dias.
Em contrapartida, os movimentos sociais encabeçados pelo MPL (Movimento Passe Livre) aceitariam suspender as manifestações em vias públicas na capital paulista.
A audiência definiu ainda a formação de uma comissão que discutiria com o poder público nestes 45 dias a composição da tarifa do transporte coletivo, como impostos, insumos e outros itens.
Greve da CPTM
Geraldo Alckmin afirmou que o governo estadual e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) recorreram à Justiça do Trabalho para que a greve nos trens da empresa seja resolvida até o final da tarde, “para não prejudicar a volta do trabalho”.
“A oferta [salarial] do governo foi superior à inflação, tanto é que nós não tivemos greve no metrô, e esperamos que isso se resolva o mais rápido possível para não prejudicar a população”, disse o governador, também durante a coletiva.
Alckmin e secretários estaduais estiveram em Santos para a celebração dos 250 anos de nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), santista e Patriarca da Independência do Brasil. Simbolicamente, todo dia 13 de junho, a capital do Estado é transferida a Santos. Alckmin seguirá para Guarujá (86 km de São Paulo) e São Vicente (65 km de São Paulo) e, à tarde, voltará a Santos. Nessas cidades, anuncia obras públicas para a Baixada Santista.
Representantes do DCE da USP disseram que esta quinta-feira (13) também será de protestos pela redução das tarifas no Rio de Janeiro, em Maceió (AL), em Natal (RN) e em Porto Alegre (RS). Na capital gaúcha, em abril uma liminar da Justiça suspendeu o aumento da tarifa(de R$ 2,85 para R$ 3,05), mas manifestantes temem que a decisão seja revertida e marcaram novo protesto para hoje.
Representantes do DCE da USP disseram que esta quinta-feira (13) também será de protestos pela redução das tarifas no Rio de Janeiro, em Maceió (AL), em Natal (RN) e em Porto Alegre (RS). Na capital gaúcha, em abril uma liminar da Justiça suspendeu o aumento da tarifa (de R$ 2,85 para R$ 3,05), mas manifestantes temem que a decisão seja revertida e marcaram novo protesto para hoje.
A questão das tarifas do transporte coletivo vêm sendo alvos de protestos, manifestações e ações judiciais em várias capitais brasileiras desde o início de 2013. Em Fortaleza, as passagens foram reajustadas de R$ 2 para R$ 2,20, depois reduzidas de R$ 2,20 para R$ 2 e, em seguida,voltaram a custar R$ 2,20.
Em Natal, estudantes foram às ruas protestar depois que a prefeitura anunciou aumento de R$ 2,20 para R$ 2,40, em maio. Um mês depois, umaportaria reduziu o valor da tarifa para R$ 2,30.
A Prefeitura do Rio de Janeiroanunciou no início deste mês de junho o reajuste no valor das passagens de ônibus, que subiram de R$ 2,75 para R$ 2,95. O aumento provocou reação. Nessa segunda-feira (10),manifestantes foram às ruasprotestar contra o reajuste, e 31 foram presos.
Em Goiânia, a tarifa foi reajustada de R$ 2,70 para R$ 3. Houve protestos. Uma liminar determinou que o valor voltasse a R$ 2,70. E Florianópolis enfrentou dois dias de greve do transporte coletivo, com paralisação de 100% da frota. Cerca de 400 mil pessoas ficaram sem ônibus. As tarifas na capital catarinense são de R$ 2,90.