Em entrevista coletiva realizada na manhã de hoje, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que reduzir agora a tarifa de ônibus seria uma medida populista e que não irá tomar essa decisão. Completou dizendo que não irá tirardinheiro do orçamento para subsidiar a tarifa.

Haddad ainda apontou como alternativa para a redução, a desoneração do transporte, que consta em projeto de lei em discussão na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O projeto prevê a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre diesel e pneu, entre outros insumos, para empresas de transporte coletivo.

“Estamos colocando R$ 600 milhões a mais na conta do subsídio para manter a tarifa nesse patamar, qualquer mudança disso implicará prejuízo para outras áreas. Não temos três alternativas, só temos duas: ou corta de outras áreas ou avança na política de desoneração”, disse.

O prefeito disse que conversou sobre o projeto com a presidente Dilma Rousseff ontem, no aeroporto de Congonhas, mas negou que o encontro tenha sido emergencial, pois estava previsto antes da série de protestos. Ele disse ainda que telefonou ao ministro Guido Mantega (Fazenda).

Além do projeto, ele disse que tratou de recursos federais para a construção de corredores de ônibus no âmbito do PAC Mobilidade.

“Se eu tenho corredor de ônibus, diminuo os custos de transporte na cidade e melhoro a qualidade porque vou gastar menos combustível, o mesmo motorista e cobrador vão poder transportar mais pessoas por hora de trabalho.”

Ele também disse que não irá usar a verba destinada à implantação do Bilhete Único Mensal para financiar uma redução da tarifa. O projeto, que permite viagens ilimitadas de ônibus por 30 dias e deve começar em novembro, tem impacto estimado em R$ 400 milhões no subsídio da prefeitura.

“Imaginar que nós podemos abrir mão de uma proposta que nós fizemos e com a qual nos comprometemos para usar o recurso em outra direção é criar uma contradição, que na minha opinião não deveria ocorrer, entre a rua e a urna.”

VANDALISMO

Sobre os episódios de violência ocorridos ontem, durante o sexto protesto contra o aumento da passagem de ônibus, o prefeito disse que existem grupos no movimento que querem interditar o diálogo.

“Infelizmente o debate tem sido interditado por grupos que não confiam na democracia. São criminosos os que estão agindo nas ruas”, criticou.

“Eu penso que gestos como o de ontem não contribuem para o desenvolvimento da cidade. O que aconteceu aqui foi atrocidade contra a cidade, contra a Prefeitura, Theatro Municipal e sede do governo”, afirmou Haddad. (ANDRÉ MONTEIRO)