Ale Silva/Futura Press
Em abril, um homem chegou a cair de um trem superlotado
Panes no sistema ferroviário, passageiros revoltados e até trens depredados pelos usuários têm sido cada vez mais frequentes na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Dados da Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio) mostram que nos oito primeiros meses de 2013 houve aumento de 46,5% no número de boletins de ocorrência referentes a acidentes envolvendo trens da SuperVia com relação ao mesmo período do ano passado. Neste ano, até o fim agosto, foram registrados 63 boletins. Em 2012, houve 43 ocorrências entre janeiro e agosto.
Procurada para comentar o aumento das ocorrências registradas pela agência reguladora, a SuperVia afirmou que as falhas operacionais caíram de 1.611, em 2010, para 400, até o momento.
A concessionária considera qualquer espécie de problema, nos trens, nas vias, na rede área, nas subestações de energia ou nas telecomunicações, por exemplo. A concessionária afirmou ainda que o conserto de um trem reparado nas estações demorava cerca de uma hora para ser concluído e hoje dura, em média, 15 minutos.
A Agetransp informou que abre boletins de ocorrência apenas para “fatos relevantes”, que infrinjam questões contratuais e possam gerar processos contra a concessionária. São esses procedimentos que podem acarretar em multas. Atrasos de cinco minutos ou problemas na limpeza dos trens, por exemplo, podem gerar advertências, mas não são contemplados nos números citados acima.
Nos últimos 12 meses, a agência aplicou cerca de R$ 355 mil em multas à SuperVia. No geral, elas têm relação com falhas como descarrilamentos e suspensão da circulação das composições.
Desde o início do mês de setembro, o sistema de trens apresentou problemas mecânico pelo menos quatro vezes. Uma das ocorrências mais graves ocorreu na última quarta-feira (11), quando passageiros chegaram a incendiar a cabine do maquinista de um trem que aguardava o restabelecimento do serviço estacionado na plataforma da estação Bonsucesso. A circulação no ramal Saracuruna ficou interrompida por mais de duas horas.
No dia 3, usuários atearam fogo a um vagão de um dos trens da companhiaque teve problemas e ficou parado próximo à estação Quintino, na zona norte da cidade.
As ocorrências de setembro ainda não foram todas computadas pela Agetransp. O gráfico que indica o número de boletins abertos contra a SuperVia foi atualizado pela última vez no dia 3 deste mês, quando já havia dois incidentes relevantes, segundo a avaliação da agência.
Por conta dos problemas deste mês, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, exigiu da SuperVia, na última quinta-feira (12), que entregue até o final de setembro uma solução para reembolsar o passageiro caso ele não consiga chegar ao seu destino final.
Em nota, a SuperVia apontou a defasagem na infraestrutura e atos de vandalismo contra a rede como fatores para a ocorrência de incidentes. “O sistema ferroviário não recebia melhorias há 30 anos e estava bastante degradado. A concessionária entende que nos próximos dois anos, as primeiras melhorias serão notadas com a compra e chegada de outros novos trens (30 entraram em circulação no ano passado), revitalização de sistemas e equipamentos, bem como a aposentadoria de composições mais antigas.”